23/12/2013
20/12/2013
“A melhor
mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com
ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida”.
A mais singela e comovente mensagem de Natal que eu poderia
receber. Combina com as crianças, bichos, árvores, flores, montanhas e o mar
que tanto amo.
Antonio e
Família Du’Dog,
A minha mais profunda gratidão por terem me ajudado a carregar
minha cruz para socorrer o pequeno e gorducho Tobinho, o meu mais leal e
amoroso amigo nesta vida que me foi dada para viver.
A todos aqueles que têm auxiliado a mim e a mamãe nesta difícil
fase das nossas vidas. São muitos e amorosos enviados pelo Senhor a quem rendo
a minha gratidão pelo seu Amor.
Feliz Natal!
Que o aniversariante, Menino-Deus, encha nossos corações de Amor
e esperança na renovação da vida, em Cristo e por Cristo.
Ilustração de aluno do Colégio Desafio (Osasco,SP. 2008),
baseada no livro Toby e os Mistérios da Floresta.
|
06/12/2013
MANDELA É ETERNO COMO O AMOR
BRAZIL-SOUTH AFRICA, 1977. No final dos anos 70, eu me correspondia em inglês com um garoto da minha idade residente na Província do Cabo, África do Sul. O Brasil em regime militar duro e a África do Sul na pior segregação racial já vivida pelo povo deste lindo pedaço do planeta esculpido com amor pelos dedos do Criador.
As cartas dele chegavam violadas. Era proibido falar sobre apartheid, poderia custar a vida do garoto. Mandava lindos postais da magnífica Table Mountain em frente ao pier onde seu pai, negro como ele, mantinha um barco pesqueiro.
Anwah era o seu nome. Um menino pescador como o pai. Escrevia-me no barco, à noite, à luz de vela. Perguntava-me sobre futebol, Pelé, Rio de Janeiro e Carnaval, entre outras curiosidades sobre o Brazil, com "z".
Eu perguntava a ele sobre as paisagens, a culinária e o que mais me encantava, o colorido dos tecidos das vestes africanas. As cartinhas eram uma relíquia para qualquer acervo. Eram. Alguém colocou todas no lixo na minha longa internação hospitalar.
Mandela (1918-2013) viverá para sempre porque o amor é o único sentimento eterno.
Mandela é Amor.
Table Mountain. Entre os muitos postais que Anwah me enviou, havia uma imagem linda desta montanha, do outro lado, com vista para o píer onde havia os barcos pesqueiros. |
02/12/2013
Toby chega em Penápolis
Com
uma população próxima dos 90 mil habitantes, Penápolis integra a mesorregião de
Araçatuba, cidade onde viveu e morreu o jornalista Paulo Jorge, primo da mamãe,
diretor-presidente do então periódico A
Comarca de Araçatuba. Saudades do primo Paulão e de um grande admirador seu, que partiu nesta data, há 12 anos. Meu pai.Vamos aguardar o resultado do aproveitamento pedagógico das edições em braile e tinta ampliada nas mãos dos professores e alunos da cidade.
Foto: Santuário São Francisco de
Assis,
grande valor da cultura negra. Fonte: Google
28/11/2013
SEM DEUS, TODOS OS SONHOS SÃO ILUSÕES SOBRE ILUSÕES
"Graças a Deus e não a uma bactéria, que sou levado a ser BOM,
PURO e ALTRUÍSTA, princípios, aliás, que vão de encontro a
natureza humana, que é EGOÍSTA, IMPURA e tendente à
MALDADE."
Pr. Rodrigo Silva, arqueólogo e pós-doutor
em Teologia pela Universidade de São Paulo.
16/11/2013
AMOR ETERNO
Paciente, Tobinho suportou
por uma semana o protetor cervical...
|
a dor na coluna
e a felicidade
de estarmos
em nossa casa,
mesmo sofrendo.
Amar é isso.
Sofrer no paraíso.
13/08/2013
NO BALANÇO DAS HORAS
Tudo pode mudar numa fração de segundos. Quase pedi à Cleide que me pusesse novamente na cama. Hoje acordei muito cansada, sem forças para tocar a cadeira. Após fazer os curativos no meu corpo, Cleide me deixa sentada e vai embora. O relógio marcava 11h. Respirei, dei-lhe um abraço forte e nos despedimos. Depois pedi a Ele força para resistir mais um dia. Eis que estou aqui, diante do computador, triste com a notícia do passamento do Daniel, um colega leal e muito elegante. Um admirador da cultura, dos livros, dos esportes e da boa prosa.
Se eu tivesse deixado as dores e o cansaço me vencerem, não teria me despedido do Dani, em oração e na palavra.
Venho me sentindo muito cansada e dolorida desde a semana passada. Piorei no domingo, quando um fragmento de osso apareceu na gase do curativo de uma das úlceras de pressão que deformam meu corpo. O fragmento saiu da região glútea esquerda.
Deixo o fragmento aqui junto aos fragmentos de texto que não consegui alinhavar.
Se eu tivesse deixado as dores e o cansaço me vencerem, não teria me despedido do Dani, em oração e na palavra.
Venho me sentindo muito cansada e dolorida desde a semana passada. Piorei no domingo, quando um fragmento de osso apareceu na gase do curativo de uma das úlceras de pressão que deformam meu corpo. O fragmento saiu da região glútea esquerda.
Deixo o fragmento aqui junto aos fragmentos de texto que não consegui alinhavar.
Fragmento de osso da Gi, 11 ag 13 |
06/08/2013
AMIGOS SÃO PRESENTES DE DEUS
Hoje recebi quatro presentes: a Neli, podóloga das mais dedicadas, veio cuidar das unhas dos meus pés, cada vez mais finas e delicadas.
Recebi outros dois presentes pelas mãos do carteiro:
O livro Moradas Espirituais - Visitas a Vinte Colônias, por Vânia Arantes Damo, a Joaninha Darque. Na página 30, a organizadora Lauret Godoy citou trecho de pesquisa feita por mim quando descrevi o fenômeno natural pororoca, contido no livro na descrição da 1ª Colônia, a da Águas, o laboratório purificador. Lauret tirou do forno mais este livro e me enviou, com o cartão e a dedicatória amorosa de sempre.
O músico, arranjador e compositor Zé Paulo Medeiros me fez chorar com o seu audiolivro As Aventuras de Pepita e a refinada TR3LOGIA CASULO, três compactos acondicionados com primor em caixa-casulo em cujo interior estão contidas nas asas da borboleta o melhor das composições da genuína música brasileira de viola, no período de criação do artista que vai de 1982 a 2012. Um bonito presente para o Dia dos Pais e uma dica para reservas para o Natal Brasileiro.
O quarto presente Antonio me trouxe em seus braços: Tobinho, limpinho e cheirosinho.
O presente maior o próprio Criador tem me dado, todos os dias.
Recebi outros dois presentes pelas mãos do carteiro:
O livro Moradas Espirituais - Visitas a Vinte Colônias, por Vânia Arantes Damo, a Joaninha Darque. Na página 30, a organizadora Lauret Godoy citou trecho de pesquisa feita por mim quando descrevi o fenômeno natural pororoca, contido no livro na descrição da 1ª Colônia, a da Águas, o laboratório purificador. Lauret tirou do forno mais este livro e me enviou, com o cartão e a dedicatória amorosa de sempre.
O músico, arranjador e compositor Zé Paulo Medeiros me fez chorar com o seu audiolivro As Aventuras de Pepita e a refinada TR3LOGIA CASULO, três compactos acondicionados com primor em caixa-casulo em cujo interior estão contidas nas asas da borboleta o melhor das composições da genuína música brasileira de viola, no período de criação do artista que vai de 1982 a 2012. Um bonito presente para o Dia dos Pais e uma dica para reservas para o Natal Brasileiro.
O quarto presente Antonio me trouxe em seus braços: Tobinho, limpinho e cheirosinho.
O presente maior o próprio Criador tem me dado, todos os dias.
03/08/2013
UNINDO AS PONTAS DA VIDA. QUEM É QUEM?
PEQUENO PRODÍGIO
Enzo e seus pais numa manhã de convivência.
Numa roda de bate-papo, sobre meu trabalho autoral, fui
surpreeendida pelas perguntas do pequeno prodígio.
Ele já havia "lido e pesquisado"o meu segundo livro.
Entre aspas porque foram palavras de Enzo, 3 anos.
Não sou professora mas venho de família de educadoras.
Minhas tias relatam que nunca conheceram uma criança
prodígio ou com necessidades especiais para aprender, em
sala de aula. Agradeço ao Senhor por ter me concedido a
Graça deste breve convívio. Desejo que o mundo possa
acolher com amor e sabedoria os anjos que vieram para
fazer a diferença e colaborar para o progresso da humanidade. |
22/07/2013
16/07/2013
RESPEITO AO PACIENTE. O QUE É ISSO?
Sexta, 12/7/13. Fui fazer
tomografia com contraste da
minha coluna, pedido pela médica. Ela também solicitou exames de sangue e
urina. Resolvi deixar a coleta do sangue para outra data para não prejudicar o exame de imagem, acaso não conseguissem me puncionar para dois exames invasivos ao mesmo tempo.
Tenho extrema dificuldade de acesso venoso porque minhas
veias são finas e adquiri trauma de ser puncionada, nas milhares de
vezes em que fui submetida a esse processo, durante ano e meio, decorrente de infecções no pós-operatório.
Ocorre que, no instante após me transferirem para a mesa do
tomógrafo, colocaram-me na maca de novo e levaram-me para uma sala de
ultrassom e disseram que tinham ordem para fazer a coleta do meu sangue.
A ordem foi dada pela diretora do convênio hospitalar, que teria ido pessoalmente
orientar seus subordinados. Depois uma técnica de enfermagem do pronto-socorro puncionou meu
braço direito duas vezes e colocou um acesso com soro dentro. Disse que tinha ordem
para coletar o meu sangue, mas não conseguiu. Deixou o acesso lá e saiu.
A enfermeira
responsável pelo Serviço
de Imagens, que é terceirizado, ficou desconfortável porque, além de
não obter sucesso, a técnica de enfermagem aplicou soro no acesso que receberia
o contraste, o que não é permitido, segundo ela me explicou, razão pela qual me
foi pedido jejum de 6 horas. Além disso, a mesma deixou a grade da maca
abaixada, do lado direito, e foi embora, deixando-me sozinha na sala, o que
também é proibido. Eu poderia ter tido um espasmo e ter caído da maca.
Após quase vinte minutos, a chefe do
serviço de imagens conduziu-me à sala da TC e, novamente, fui colocada na mesa do
tomógrafo.
Quando iniciaram os trabalhos, mais uma vez o
pessoal da tomografia foi interrompido para um técnico de enfermagem tirar
sangue do meu braço. Ele me puncionou duas vezes, sem sucesso.
O trabalho dos técnicos da tomografia
recomeçou e, mais uma vez, foi interrompido porque uma enfermeira do
pronto-socorro entrou rápida e objetiva, sem explicações, para tentar me
puncionar, desta vez, numa artéria.
Fui puncionada cinco vezes, de forma muito
dolorosa, e perdi a paciência ao presenciar tamanho desrespeito para com o
trabalho dos técnicos do tomógrafo e para comigo, paciente.
Fiquei com o rosto vermelho. Disse à enfermeira
que puncionou minha artéria que quando isso ocorre é devido ao desconforto dos
espasmos dolorosos e minha pressão se eleva. Ela saiu da sala sem nada dizer.
A técnica do serviço de tomografia jamais
errou ao puncionar-me para colocar o contraste e, neste dia, foi tirado dela
realizar o seu trabalho.
Fiquei triste e chorei muito pelo desconforto
da situação e pelas lembranças de episódios semelhantes que, infelizmente,
venho acumulando ao longo desta minha nova vida, iniciada há três anos e quatro
meses.
Chorei pelo que já passei nas mãos de pessoas
que não respeitam nem a agenda e a rotina dos serviços especializados de imagem,
quem dirá uma paciente como eu, sem a menor condição de auto-ajuda, sobre uma
maca.
Mas Ele estava lá, comigo, e mais uma vez
redobrou minhas forças para vencer as misérias deste mundo.
19/06/2013
O aniversário é Dia de São João mas a tia sempre é a primeira a lembrar.
|
No momento em que escrevia o texto abaixo, recebi cartão de aniversário da tia Neyde Pecchio. Mesmo distante no espaço geográfico, ela sempre se faz presente com suas mensagens amorosas e telefonemas. Nunca esqueceu datas comemorativas da tia Fá, do tio Zé, dos sobrinhos Lele, Lô e filhas.
Também amamos a senhora, os primos Rico, Neno, filhos e temos na memória o saudoso tio Álvaro Dalla Pria.
Depois continuo a história. Escrever me distrai porque tiro o foco dos espasmos, da dor, das feridas e da imobilidade que assusta e faz chorar.
– Aqui tem praia? – perguntei à tia Neyde, na primeira vez que visitei Quatá (SP).
– Não. Mas tem muita diversão no quintal do vô Guido –, respondeu ela.
Eu só conhecia Osasco (SP), onde moro desde os 9 meses de vida, e Peruíbe (SP), onde vi o mar pela primeira vez e me encantei tanto que pensava que para onde eu fosse haveria praia,areia,conchinhas do mar e ondas.
Para
conhecer o avô materno, tios, primos e toda a parentela, por parte de mãe e
pai, viajamos no Expresso de Prata, trem que partiu da estação Júlio Prestes,
com destino à Alta Sorocabana. A viagem demorou 24 horas. O trem parava em
todas as estações e demorava muito o embarque e desembarque de passageiros.
– Naquela
época, anos 60, era intenso o transporte de passageiros em trens. Os de carga
competiam com os de passageiros por isso as paradas eram demoradas e
cansativas.
Eu e meu
irmão competíamos pela janela para ver as paisagens passarem velozes, como num
filme. Pai e mãe iam respondendo nossas infindáveis perguntas.
– Ali
também é plantação de laranja? – perguntei eu.
– Não, é
de café. – respondeu o pai.
– E agora?
– É milho,
igual o Visconde de Sabugosa – disse a mãe, lembrando o boneco feito de sabugo
de milho, um sábio das aventuras do Sitio do Picapau Amarelo, de Monteiro
Lobato.
As
paisagens eram variadas, não imperava a monocultura da cana-de-açucar que,
décadas depois, empobreceu o solo do Interior, sua gente e culturas. Os trilhos
paralelos às plantações de cana que se perdem no horizonte estão enferrujados e
as estações de trem abandonadas.
O sol
esquentava meus miolos e eu caminhava pelas calçadas limpas e arborizadas de
Quatá olhando para minha sombra no chão. Passava das dez horas. Eu caminhava ao
lado da sempre alegre e divertida tia Neyde, que foi buscar minha família na
estação, pensando como eu me divertiria numa cidade sem praia...03/06/2013
Glória a Deus que nos une e está sempre presente
Mª Adélia foi portadora de mensagem dela para mim quando tive alta hospitalar, em estado desesperador: "Que Maria, Mãe de Jesus, lhe cubra com seu manto de proteção e amor", desejou-me Glória Giglio, junho, 2011.
Das poucas peças de roupa que ainda posso ver, sem usar, está o vestido estampado em azul e branco, desenhado e costurado por mamãe a partir de corte de tecido trazido do Japão pela sempre primeira-dama Glória Giglio.
Lembro-me que eu e Nelsita (colega jornalista aposentada da P.M.O) ficamos surpresas com a oportunidade de termos um vestido único, feito por costureira.
Somente uma mulher que cultua tradições e qualidade poderia pensar num presente tão original para os dias de hoje, em que ninguém se destaca vestindo roupas, tecidos e cortes produzidos em série pela indústria da moda.
No começo desta tarde liguei para Mª Adélia, que já estava saindo de casa para acompanhar a missa de corpo presente da dona Glorinha, como ela, carinhosamente, era chamada pelas pessoas mais próximas da família e grupo de trabalho Giglio. Disse-lhe que, baixinho, em oração, diga a ela "Que Maria, Mãe de Jesus, lhe cubra e a sua família, com seu manto de proteção e amor", 3 de junho de 2013. Gisele Pecchio Dias
Aceitar a finitude.
Eterna luta do ser humano nesta vida que nos
foi dada viver para amar, sofrer e vencer a dor.
Foto: Gisele. Árvores e pássaros, presentes de Deus
|
04/05/2013
Há momento na vida
em que tudo o que precisamos é do amor
e das amizades que fomos capazes de semear.
Nossos anjos nos guardam e guiam e
jamais nos perderemos no caminho,
mesmo à beira do vale da morte.
Mês de Maria, das Mães, do Anjo Protetor
que me ofertou esta bonita reprodução da obra
"Anjo da Guarda", quando ainda no berço eu dormia, inocente.
Gisele, Maio, 2013
25/01/2013
Parabéns cidade de São Paulo! Minha vida começou numa das salas de parto da extinta Maternidade de São Paulo, na rua Frei Caneca, a alguns metros da avenida Paulista, que encerrou atividades em 2003 devido a problemas financeiros. Lá nasceram personalidades como o piloto Ayrton Senna, Paulo Maluf e Orestes Quércia, ex-governadores de São Paulo que nada puderam fazer para evitar o fechamento da maternidade, onde nasceram ricos e pobres, em igualdade de condições que já não há na medicina. Seu futuro é incerto. Fala-se na construção de um hotel ou numa unidade de famosa rede de medicina privada, para poucos.
A bendita enfermeira Benedita
Minha história começou na Maternidade de São Paulo, na mais fria noite de São João que os meus pais enfrentaram na Capital. Eles me contaram que naquela noite, no mesmo instante em que eu vim ao mundo, um balão com a tocha ainda acesa caiu no quintal da casa onde morávamos, na rua Albuquerque Lins, Barra Funda.
No mesmo instante em que o balãozinho de São João pousava manso sobre o piso gelado do quintal da nossa casa, nascia uma menina gorducha, cabeluda e muito chorona, que não cabia na caixinha do berçário, caixinha essa onde os bebês são colocados feito uns pãezinhos, um ao lado do outro, quando nascem.
Passados 17 anos, desde o meu nascimento, voltei à rua Frei Caneca para estudar no Colégio Etapa. Passava todas as manhãs pela calçada da Maternidade de São Paulo, onde testemunhei os passos largos e apressados de seu exército de médicos e enfermeiros, com suas roupas sempre alvas.
Num daqueles dias, sentou-se ao meu lado, no ônibus, a enfermeira Benedita. Ela achou bonito o meu sorriso e os meus cabelos e pôs-se a conversar comigo. Durante a conversa, uma revelação que jamais esquecerei: Benedita era uma das enfermeiras que assistiu ao meu parto. Ela lembrou-se do nome da mamãe, que se chama Fany Pecchio, e de uma particularidade: eu era gorducha, tinha cabelos negros e densos e não cabia na caixinha do berçário. Disse-me que sugeriu à minha mãe que eu me chamasse Joana, por ter nascido naquela noite especial, de São João. Mas meus pais resolveram que seria Gisele o meu nome.
Antes de saltar do ônibus, a enfermeira Benedita tirou uma aliança de prata de um dos dedos da mão esquerda e deu-me como lembrança. Jamais esqueci do olhar e das mãos daquela anciã que me trouxe ao mundo. Jamais deixarei de me emocionar quando caminhar pela rua Frei Caneca e me lembrar que a minha história com São Paulo começou ali, em 24 de junho de 1959, numa das salas de parto da Maternidade de São Paulo, onde nasceram ricos e pobres, de muitas gerações, em igualdade de condições que hoje já não mais há na Medicina. Nem a Maternidade de São Paulo existe mais. Ela estaria hoje com 112 anos se não tivesse falido após longa agonia, sem qualquer socorro por parte daqueles que trouxe ao mundo, entre eles grandes empresários e políticos. Seu prédio será sepultado para sempre e no terreno onde nasceram tantos deverá ser erguido mais um espigão de concreto.
Por Gisele Pecchio Dias, do livro Conte sua história de São Paulo, organizado pelo âncora da Rádio CBN Milton Jung, Editora Globo, capítulo I, 2006, pág. 35
A jornalista Lea e o fotógrafo Rubens me inspiraram a continuar contando um pouco mais da minha história por meio de resposta aos comentários, nesta postagem.
A bendita enfermeira Benedita
Minha história começou na Maternidade de São Paulo, na mais fria noite de São João que os meus pais enfrentaram na Capital. Eles me contaram que naquela noite, no mesmo instante em que eu vim ao mundo, um balão com a tocha ainda acesa caiu no quintal da casa onde morávamos, na rua Albuquerque Lins, Barra Funda.
No mesmo instante em que o balãozinho de São João pousava manso sobre o piso gelado do quintal da nossa casa, nascia uma menina gorducha, cabeluda e muito chorona, que não cabia na caixinha do berçário, caixinha essa onde os bebês são colocados feito uns pãezinhos, um ao lado do outro, quando nascem.
Passados 17 anos, desde o meu nascimento, voltei à rua Frei Caneca para estudar no Colégio Etapa. Passava todas as manhãs pela calçada da Maternidade de São Paulo, onde testemunhei os passos largos e apressados de seu exército de médicos e enfermeiros, com suas roupas sempre alvas.
Num daqueles dias, sentou-se ao meu lado, no ônibus, a enfermeira Benedita. Ela achou bonito o meu sorriso e os meus cabelos e pôs-se a conversar comigo. Durante a conversa, uma revelação que jamais esquecerei: Benedita era uma das enfermeiras que assistiu ao meu parto. Ela lembrou-se do nome da mamãe, que se chama Fany Pecchio, e de uma particularidade: eu era gorducha, tinha cabelos negros e densos e não cabia na caixinha do berçário. Disse-me que sugeriu à minha mãe que eu me chamasse Joana, por ter nascido naquela noite especial, de São João. Mas meus pais resolveram que seria Gisele o meu nome.
Antes de saltar do ônibus, a enfermeira Benedita tirou uma aliança de prata de um dos dedos da mão esquerda e deu-me como lembrança. Jamais esqueci do olhar e das mãos daquela anciã que me trouxe ao mundo. Jamais deixarei de me emocionar quando caminhar pela rua Frei Caneca e me lembrar que a minha história com São Paulo começou ali, em 24 de junho de 1959, numa das salas de parto da Maternidade de São Paulo, onde nasceram ricos e pobres, de muitas gerações, em igualdade de condições que hoje já não mais há na Medicina. Nem a Maternidade de São Paulo existe mais. Ela estaria hoje com 112 anos se não tivesse falido após longa agonia, sem qualquer socorro por parte daqueles que trouxe ao mundo, entre eles grandes empresários e políticos. Seu prédio será sepultado para sempre e no terreno onde nasceram tantos deverá ser erguido mais um espigão de concreto.
Por Gisele Pecchio Dias, do livro Conte sua história de São Paulo, organizado pelo âncora da Rádio CBN Milton Jung, Editora Globo, capítulo I, 2006, pág. 35
A jornalista Lea e o fotógrafo Rubens me inspiraram a continuar contando um pouco mais da minha história por meio de resposta aos comentários, nesta postagem.
Assinar:
Postagens (Atom)