BRAZIL-SOUTH AFRICA, 1977. No final dos anos 70, eu me correspondia em inglês com um garoto da minha idade residente na Província do Cabo, África do Sul. O Brasil em regime militar duro e a África do Sul na pior segregação racial já vivida pelo povo deste lindo pedaço do planeta esculpido com amor pelos dedos do Criador.
As cartas dele chegavam violadas. Era proibido falar sobre apartheid, poderia custar a vida do garoto. Mandava lindos postais da magnífica Table Mountain em frente ao pier onde seu pai, negro como ele, mantinha um barco pesqueiro.
Anwah era o seu nome. Um menino pescador como o pai. Escrevia-me no barco, à noite, à luz de vela. Perguntava-me sobre futebol, Pelé, Rio de Janeiro e Carnaval, entre outras curiosidades sobre o Brazil, com "z".
Eu perguntava a ele sobre as paisagens, a culinária e o que mais me encantava, o colorido dos tecidos das vestes africanas. As cartinhas eram uma relíquia para qualquer acervo. Eram. Alguém colocou todas no lixo na minha longa internação hospitalar.
Mandela (1918-2013) viverá para sempre porque o amor é o único sentimento eterno.
Mandela é Amor.
Table Mountain. Entre os muitos postais que Anwah me enviou, havia uma imagem linda desta montanha, do outro lado, com vista para o píer onde havia os barcos pesqueiros. |
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