28/10/2007

Livro acessível é problema de todos nós. Por Gisele Pecchio

Está na hora de parar de jogar nas costas do Estado e dos governos a solução que passa pelo comprometimento individual de todos os cidadãos.

Seria motivo de alegria para você saber que uma criança cega conseguiu comprar um livro seu, numa livraria?

A criança sim é que teria motivo para se alegrar, não eu.
A pergunta é minha e a resposta é de um dos maiores nomes da literatura brasileira. Não citarei quem é por respeito à sua obra e por considerar o episódio um momento infeliz. E quem jamais passou por isso? Só quem nunca praticou a palavra. Hábil no arranjo das mesmas, depois de reorganizadas elas foram apresentadas assim:

Bem, claro que me alegraria, mas esse assunto é problema do governo. O Lula não comprou um único livro meu. O projeto desse governo é diferente. O Fernando Henrique distribuiu 70 milhões de livros, mas esse governo pensa diferente. Eu penso que isso que você pergunta, sobre as crianças excepcionais, é para o governo resolver.

O silêncio se fez durante alguns segundos, enquanto eu procurava nos olhos do público algum comprometimento com o assunto trazido à luz das velas arranjadas sobre as mesas, um leve toque romântico para aquecer a noite dedicada à famosa personalidade do mundo das letras. Antes, meus olhos procuraram nos olhos da personalidade um brilho de entusiasmo pelo tema. Não encontrei. Uma outra pergunta salvou a personalidade de refletir sobre o abismo que separa os não videntes do mundo dos livros e das letras.
Foi perguntado quais os livros lidos pela personalidade que mais a agradaram. A resposta foi a citação de vasta bibliografia, desde a infância, começando por Monteiro Lobato, lido até perto dos treze anos, passando pela adolescência e juventude, quando surgiu o encantamento pelos autores franceses. Um lapso na memória lhe fez esquecer o nome de uma obra de Marcel Proust. Um assessor veio em seu socorro e completou: “Em busca do tempo perdido”? Uma providencial ajuda, retribuída com largo sorriso de confirmação.
Sobre os livros lidos nos dias de hoje, foram enumerados alguns títulos, entre eles a biografia do ex-presidente do Brasil, FHC, citado três vezes na ilustre fala. No final da longa e metódica resposta, percebi sutil melancolia após uma pausa para respirar.
Depois de tantas citações bibliográficas, o desejo de retomar a prosa sobre o formato acessível havia ficado no passado. Ninguém ali, fora eu, parecia estar interessado nesse papo. O público queria o de sempre: saber sobre como se dá o processo de criação de um bom texto literário, sobre os títulos e autores favoritos.
A intenção da minha pergunta foi suscitar a reflexão de um grande nome da literatura brasileira para uma questão de interesse de mais de um milhão de brasileiros cegos e de cinco milhões de pessoas com baixa visão, em todo o Brasil. Fora os pais e mães que lutam todos os dias para vencer os obstáculos da exclusão e da falta de livros em formato que possa ser lido com autonomia pelos seus filhos.
Percebi na resposta dada à minha pergunta o quão distante de parte importante da realidade estão algumas personalidades, tão envolvidas com a produção, divulgação e sucesso de suas criações, inclusive junto ao lobby governamental, capaz de garantir atraentes números na tiragem de livros vendidos. Pude entender como se sentem os famosos quando são preteridos por esse ou por aquele governo, restando-lhes, de tempos em tempos, a competitiva sobrevivência no mercado.
Após quatro anos de aprendizado livre, editando os meus próprios livros, escrevendo para todos, percebo o quão feliz sou por não precisar atribuir ao governo ações que também são de minha própria responsabilidade. Como é bom ter a certeza de que meus livros não estão estocados em armários de escolas públicas, como algumas vezes flagrei obras de autores famosos, de fino acabamento, compradas pelo governo, sem jamais cumprir o seu destino nas mãos de professores e alunos.

Por e-mail
Prezada Gisele:
Admiramos muito seu trabalho e sensibilidade.
A partir deste e-mail, vou admirá-la ainda mais, pela mente privilegiada, que não ficou cristalizada como a da maioria dos intelectuais, ou das pessoas que se imaginam em posição de platéia, enquanto o mundo passa ao seu redor, apontando as mais diferentes necessidades, nos que buscam e/ou esperam, tão somente, um olhar ajustado, feito o seu. Pena eu não me encontrar ao seu lado, naquele momento.
Mas estou aqui, como você, lutando por essa Causa e por outras, de maneira exaustiva, sendo paciente impacientemente, para tentar enfrentar tais desconstruções, em silêncio e no anonimato. Porém, firmente, com o propósito de cumprir a minha parte, nessa ampla responsabilidade de todos (seres sociais que somos), com o intuito de ajudar a transformar essa perversa realidade, que a maioria das pessoas que tem em mãos a possibilidade de fazer a diferença, nem percebe, como esse escritor ou escritora (você não revela).
Quem serão os deficientes?
Sou Vera Zednik, presidente fundadora do Projeto Acesso.
Tomarei a liberdade de lhe enviar a primeira edição de nosso Boletim Informativo, com a esperança de que, em algum momento, possamos receber a sua visita amiga.
Venha conhecer de perto nosso trabalho, com toda modéstia, vimos orientando uma prática educacional, para que nossos alunos se integrem de maneira ajustada, produtiva e feliz.
Um grande abraço, de quem muito a admira.
Vera Zednik
Gisele Pecchio é jornalista e autora dos livros Um par de asas para Toby e Toby e os Mistérios da Floresta, pioneiros no formato acessível para crianças, à venda nas lojas da Livraria Cultura ou pelo site: www.livrariacultura.com.br

22/10/2007

Tobby recebe Toby


O cão Tobby fez 10 anos no Dia das Crianças. Sua dona, Cibele, e o filho dele, Skip, receberam a autora dos livros que ele inspirou e a reportagem do jornal O Mirante, em out/06. Foto menor: álbum da Cibele. Foto maior: Marco Asa

CARTA DE MÃE

Parabéns Gisele, pelo seu trabalho .
A sua iniciativa de escrever livros inclusivos é uma verdadeira lição de ética e cidadania a todos os demais escritores de literatura infantil que tanto falam sobre a necessidade de estimular a leitura de nossas crianças e que desconsideram aquelas que precisam de um outro código para compreender letras e palavras.
Livros infantis escritos em braile geralmente tratam do assunto deficiencia, isso não é literatura para criança . Criança cega assim como qualquer outra quer ouvir e ler histórias sobre florestas , princesas, castelos, festas, bichos , etc.
Você escreve literatura infantil de verdade para qualquer criança , num esforço pessoal conseguiu nos mostrar que é possivel tornar esse bem tão precioso na vida de toda pessoa , acessivel , factivel, realizável . Parabéns por mostrar principalmente isso, é possivel escrever e vender livros para todas as crianças, inclusive áquelas que são cegas .
Um grande abraço para voce e uma beijoca da Laura ,
Rosangela

Rosangela Gera é médica, em Colatina (ES), mãe de Laurinha, 4 anos, que aos dois anos de idade foi presenteada pela mãe com os dois primeiros livros em braile da sua vida: Um par de asas para Toby e Toby e os Mistérios da Floresta. Laura é personagem do terceiro livro da Coleção Toby, UMA AVENTURA NA AMAZÔNIA - RAYCHA, já disponível em braile, 108 páginas.

Fórmula1

Teve corrida fora do autódromo de Interlagos, domingo, 21/10. Foi na loja da Livraria Cultura do Market Place Shopping Center. Toby viajou no trem da CPTM, ao lado dos torcedores da Fórmula 1, mas desceu na estação Morumbi e foi enfrentar a corrida pelos leitores numa das lojas da primeira e única livraria onde podem ser encontrados os livros de Gisele Pecchio: Um par de asas para Toby e Toby e os Mistérios da Floresta, em tinta, braile+CD.
Literatura para Crianças e Acessibilidade: Quem é Toby? foi tema da palestra de Gisele Pecchio na loja do Market Place Shopping Center, domingo, 21/10/07, antes de autografar os livros em tinta e braile+CD. A Livraria Cultura é a primeira e única loja onde os livros Um par de asas para Toby e Toby e os Mistérios da Floresta podem ser encontrados pelo público, também pelo site: www.livrariacultura.com.br, com entrega para todo o Brasil e outros países.
A menina Kimberly, 9 anos, que mora no Butantã (SP) estava acompanhada dos irmãos Kevyn e Milton Mazetto, este último historiador, cursando o mestrado na USP. São filhos de Yara, colega acemista (YACM) desta autora. A linda Kimberly já sabia tudo sobre a temida Jararaca, citada no diálogo de Toby com o menino-índio Ypê, em Toby e os Mistérios da Floresta. Ela mora perto do Instituto Butantã, em São Paulo, onde são feitas vacinas e extraída a matéria-prima ao fabrico de muitos remédios para salvar vidas a partir do veneno da cobra que salva mais do que pode matar com o seu veneno.
A equipe de Eventos da Livraria Cultura, coordenada pela Andrea Ferreira Marques, está de parabéns pelo profissionalismo como cuida dos preparativos para receber os escritores nas lojas da Cultura. Fui muito bem recebida e valorizada. Agradeço, em especial, à Danielli Morelli (Loja Market Place) e aos técnicos Davi e Santana, que cuidaram do som e do audiovisual durante a minha palestra, seguida de sessão de autógrafos.

18/10/2007

LIVRARIA CULTURA - MARKET PLACE


Literatura para Crianças - Quem é Toby?
Gisele Pecchio conversa com o público, crianças de todas as idades, exibe DVD explicativo de seu trabalho autoral e autografa seus livros em tinta, braile e áudio no auditório da Livraria Cultura - Market Place Shopping, dia 21/10, domingo, às 16 horas. A entrada é franca para conhecer as histórias e personagens que inspiraram a primeira coleção de livros para crianças no formato acessível.
A autora também participou do 3º Corredor Literário na Paulista, dia 12, onde inaugurou o Café Hora da Razão, com Pedro Bandeira, Ruth Rocha e Ignácio de Loyola Brandão, entre outros escritores. O formato acessível foi o tema defendido por Gisele, para quem "tão ruim como não ter dinheiro para comprar um livro é ter o dinheiro e não encontrar o livro no formato acessível, como ocorre com o deficiente visual". Mais informações em
www.livrariacultura.com.br

LIVRARIA CULTURA
Dia 21/10
16 horas
Market Place
avenida Chucre Zaidan, 902
próx.estação CPTM Morumbi

clipping: Jornal Página Zero/redação: Daniel Soares
Ano XV nº 787 Caderno B3





15/10/2007


Market Place Shopping Center

Literatura para Crianças e Acessibilidade - Quem é Toby?
Gisele Pecchio conversa com o público, crianças de todas as idades, e autografa seus livros em tinta, braile e áudio no auditório da Livraria Cultura - Market Place Shopping, dia 21/10, domingo, às 16 horas.
Venha conhecer as histórias e personagens que inspiraram a primeira coleção de livros para crianças em formato acessível.
LIVRARIA CULTURA
Dia 21/10
16 horas
Market Place
avenida Chucre Zaidan, 902
próx.estação CPTM Morumbi






14/10/2007

Encontro com o público, entre eles amigos do Grupo Terra e a geógrafa Valéria Ferreira (Taubaté-SP) no Café Hora da Razão, no 3º Corredor Literário na Paulista, dia 12/10, Fiesp.

O público e os amigos de Gisele Pecchio, presentes no Café Hora da Razão, no 3º Corredor Literário na Paulista, puderam se manifestar com perguntas e mensagens sobre a autora e seus livros, dia 12/10, na sede da Fiesp.
"Tão ruim como não ter dinheiro para comprar um livro é ter o dinheiro e não achar o livro que possa ser lido, como ocorre com os deficientes visuais, pela ausência de livros digitais ou em braile nas livrarias e bibliotecas", falou Gisele Pecchio, em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), durante o 3º Corredor Literário na Paulista, dia 12/10.

13/10/2007

Autora da Coleção Toby com o público, entre eles integrantes do Grupo Terra (ao fundo) e crianças como a menina Mariane, 6 anos, que acompanhou a autora na leitura de trechos de seus livros e a auxiliou durante toda a palestra, assim como a estudante Pamela, 14, autora das fotos de celular, publicadas no blog, dia 12/10/07, na Fiesp.

06/10/2007

Coleção Toby aniversaria no Corredor Literário

Literatura para Crianças e Acessibilidade - Quem é Toby? é o tema da palestra de Gisele Pecchio, dia 12, às 15h., no Café Hora da Razão do 3º Corredor Literário na Paulista. A palestra antecede debate com o escritor Pedro Bandeira sobre o tema: Inteligência e Sensibilidade. Nesta data, a Coleção Toby aniversaria. São quatro anos de trabalho autoral independente, pioneiro no Brasil no formato acessível (tinta, braile, Mp3 e web).
A escritora, na foto com aluno do Instituto de Cegos Padre Chico (IPC), resume assim os quatro anos de trabalho autoral: “Aprendi com os alunos do IPC, escola modelo para o Brasil na alfabetização pelo sistema braile, a ver com olhos de vaga-lume e não omitir o verbo. Aprendi com os estudantes, professores e pais, nos lugares visitados por mim, a compartilhar o belo contido no simples. O melhor de tudo é saber que o aprendizado continua”.
Gisele Pecchio convida a todos para comemorar com ela a "emoção de escrever histórias inspiradas em personagens e lugares do Brasil para crianças de todas as idades, em formato acessível". No dia 21, às 16h., ela também palestrará no auditório da Livraria Cultura, no Market Place Shopping, onde autografará seus livros.
O Corredor Literário na Paulista é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura, com apoio da Prefeitura Municipal de São Paulo e da Associação Paulista VIVA, entre outros apoiadores.
O programa completo está no site http://www.corredorliterario.com.br/

3º Corredor Literário na Paulista
Café Hora da Razão
Local: Avenida Paulista, 1.313 (FIESP)
altura da estação Trianon.
Data: 12/10, às 15h.
Tema: Literatura para Crianças e Acessibilidade - Quem é Toby?
Autora: Gisele Pecchio

1ST

Lourenço, Marcos, Mecchi, Fany, Mario (com a "criança" na mão), Pamela e as Rosas que ganhei do Marinho, no lançamento da primeira edição de Um par de asas para Toby, 11 de outubro de 2003, no Osasco Plaza Shopping.
Mamãe estava toda contente, ao lado do Mecchi, o ilustrador que deu vida às personagens das histórias da Coleção Toby.

TOBY ANIVERSARIA NO 3º CORREDOR

“Aprendi a ver com olhos de vaga-lume e não omitir o verbo.
Aprendi a compartilhar o belo contido no simples. O melhor de tudo é saber que o aprendizado continua”.
Gisele Pecchio
No mês da Criança, do Professor e da Natureza, a Coleção Toby aniversaria.
São quatro anos contando as aventuras do cão mais popular da Mata Atlântica e seus amigos.
Um olhar sensível sobre o belo contido nos elementos simples da natureza.
Venha compartilhar com a autora a emoção de escrever histórias inspiradas em personagens e lugares do Brasil para crianças de todas as idades, em formato acessível.

Literatura para Crianças e Inclusão
Quem é Toby?

Gisele Pecchio apresenta os livros da Coleção Toby, a primeira em formato acessível para crianças (tinta, braile, Mp3 e web), cujo protagonista é o cão Toby, amigo dos pássaros da esquadrilha da fumaça que habitam as matas da Serra dos Itatins-Juréia. Ele inspirou coleção pioneira em acessibilidade à leitura.

Palestras
•Dia 12/10, às 15 horas: 3º Corredor Literário da Avenida Paulista
FIESP/Café Hora da Razão
Endereço: Avenida Paulista, 1.313 (térreo)

•Dia 21/10, às 16 horas: Livraria Cultura, Market Place Shopping Center
Endereço/Tel.: avenida Chucri Zaidan, estação Morumbi / (11)3474 4033
Programa: palestra, com exibição de DVD, contação de história e autógrafo.
Público-alvo: de 6 a 11 anos, pais e professores

03/10/2007

Volto a esta polêmica no blog porque tanto a VEJA quanto o jornalista Roberto Pompeu de Toledo, de novo, limitaram-se a ignorar minhas correspondências, sem lhes dar a atenção de uma resposta. Pela segunda vez em menos de seis meses, Roberto Pompeu de Toledo abordou a Inconfidência Mineira na VEJA ( “Sobras da história”, na revista de 26/09/2007) .Chama a atenção, de novo, que um jornalista experiente se baseie em uma só fonte. Desta vez, em uma de que eu, pesquisador do assunto há quase trinta anos, nunca tinha ouvido falar.
A falta de pesquisa induz a erros, como o de que a ligação de Cláudio com Francisca (na verdade, a "Eulina", assim como Maria Dorotéia é identificada com “Marília”) tenha sido fortuita como o articulista insinua, sequer comparável com a de Thomas Jefferson. Bem ao contrário, foi uma união estável, que durou muitos anos, reconhecida pela sociedade de Vila Rica.
Tivesse lido mais e melhor, preocupando-se em levar informações atuais e não notícias velhas e erradas a seus leitores, como convém aos de nossa profissão, o jornalista jamais repetiria a sério a falsa e velha dúvida sobre a morte de Cláudio. Afinal, há cerca de dez anos, a "suspeita" do assassinato foi amplamente confirmada, com a descoberta da identidade do legista "Paracatu", por estudiosos de São Paulo e Minas Gerais. Desde então, foi publicada em pelo menos seis diferentes veículos...
Aliás, não seria o fato de que Cláudio (como Tiradentes ou Herzog) foi morto por responsabilidade do governo, o principal gerador jurídico para a eventual indenização aos descendentes, bem mais do que terem sido "esbulhados" ou "infamados" ?