09/11/2011

JOSÉ ACIOLI DIAS, MEU PAI

Hoje papai faria 88 anos. Costumava dizer que "a vida é longa quanto melhor forem a herança genética e os bons hábitos de vida. Comer para viver e não viver para comer. O peixe morre pela boca". Dr. Euryclides de Jesus Zerbini também me disse assim, com as mesmas palavras, durante entrevista à revista Franjour, do Banco Francês e Brasileiro (hoje, Itaú Personnalité), alguns anos antes de morrer. Também me disse o famoso cirurgião: "trabalhar é o melhor de todos os remédios".
Papai pensava e trabalhava muito. Senhor dos pincéis, das tintas e das letras que brotavam dos papéis, tecidos, chapas e madeiras com a perfeição milimétrica das suas calejadas e graves mãos.
Mãos. Para mim, as partes que mais admiro no ser humano. Tenho verdadeira admiração por mãos. Herdei do papai a admiração pelas mãos de Portinari e pelas mãos pintadas pelo maior pintor brasileiro e um dos maiores do mundo.
Saudade papai. Hoje, somente o Lourenço pôde visitá-lo no cemitério. Eu estou presa em meu próprio corpo com uma mente que jamais será aprisionada ou ficará refém de pessoa ou droga alguma. Mamãe, incansável, no alto dos seus quase 91 anos, está sempre atenta ao meu lado. Sempre firme, forte e afetuosa.
Afeto. Somos mendigos em nossos lares quando não exercitamos a verdadeira realeza que é o afeto. Ouvi algo assim, dia desses, sobre um psicólogo gaúcho que durante anos ficou privado da troca afetiva com os filhos devido a questões geográficas e jurídicas.
 
Abaixo, fotos de família e tesouros para mim: o retrato do ídolo Pelé, um dos muitos rostos em grafite feitos por Acioli, que torcia pelo Santos Futebol Clube, além do retrato do industrial nacionalista Delmiro Gouveia. Papai muito o admirava e contou-me a saga deste pioneiro na instalação de usina hidrelétrica, em Alagoas (1913), e da fábrica de fios e linhas Estrela, que mais tarde caiu nas mãos da concorrente inglesa Linhas Corrente, até então monopolista do mercado de fios e linhas no Brasil. Depois de construir hidrelétrica, fábrica, estradas, vila operária, escolas e ser modelo de empresário no País, Delmiro foi assassinado aos 54 anos. Em Alagoas, a cidade Delmiro Gouveia eterniza o nome e a obra deste grande brasileiro. 
 
Eu e papai no Campus da USP, numa tarde de 1993
Entrevista com Dr. Zerbini, São Paulo, 1991

Fany e José comigo em Campos do Jordão, outubro, 2001

Retrato em grafite do ídolo Pelé
 
Delmiro Gouveia (1863-1917)






 
 




 

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