Imagem: mãos das alunas Laura e Mariana lendo o livro "Um par de asas para Toby", em braile e tinta ampliada, na biblioteca do colégio Ofélia Fonseca, Higienópolis, capital, SP
Mundo acessível é onde cabem, em primeiro lugar, diferentes pensares sobre os mesmos assuntos. É onde há igualdade de oportunidade para todos, sabendo que muitos precisam mas poucos fazem por merecer.
Mundo acessível é pensar em protocolos universais para todos os assuntos que garantam a vida e a qualidade dessa vida. Desde 5 de janeiro estou em casa, numa difícil readaptação à vida e às coisas simples do cotidiano. Uma das poucas coisas acessíveis na minha casa, a tábua de passar roupas, quebrou e não acho outro modelo onde caibam as pernas da cadeira de rodas.
Sem falar da pia e do fogão da cozinha. Adoro cozinhar e lavar louça e simplesmente não sei como resolver isso.
Já no tanque de lavar posso dar banho no cãozinho aqui de casa. Mesmo sem controle de tronco vou balançando mas não caio e ele me ajuda muito, melhor do que qualquer ser humano. Cachorros e cavalos são animais sensitivos e muito inteligentes. Conhecem a nossa alma.
Como seria bom se nossos legisladores e gestores públicos pensassem como é inviável para pessoas com necessidades especiais morar em cidades sem desenho universal na sua arquitetura. Nem nos modernos prédios, em construção, são respeitadas as normas técnicas ABNT de acessibilidade. Onde está a legislação e a fiscalização?
Todos nós envelheceremos, adoeceremos e somos passíveis de nos acidentar e ficarmos privados, temporária ou definitivamente, do andar com o uso das pernas ou sem o uso de uma bengala ou cão-guia.
E o que dizer às crianças e adultos cegos sem livros em braile para se alfabetizar e ter acesso aos saberes?
Vamos refletir sobre isso hoje, amanhã, dia 3 de dezembro e sempre.