23/09/2007

PROVADO: CLÁUDIO MANUEL NÃO SUICIDOU

Descoberta lança nova luz sobre um dos mais importantes episódios da História do Brasil

Texto de Sergio Amaral Silva

Enfim, desvendada uma grande farsa da História do Brasil, que perdurou por mais de dois séculos. Em 1789, um dos principais líderes da Inconfidência Mineira, o advogado e poeta Cláudio Manuel da Costa, foi encontrado morto na prisão, sendo a versão oficial, de suicídio. Cerca de vinte anos mais tarde, surgiu em Vila Rica (hoje Ouro Preto) alguém que afirmava ter sido um dos médicos que examinaram o corpo e que o laudo original, de assassinato, foi mudado para suicídio a “pedido” do governador, o Visconde de Barbacena. Como essa testemunha era conhecida apenas pelo apelido de Paracatu, o caso foi tratado como lenda por gerações de historiadores, até nossos dias. Pesquisando num livro de 1911, Igrejas e Irmandades de Ouro Preto, de Joaquim Furtado de Menezes, o jornalista Sergio Amaral Silva, que se dedica ao assunto há vinte e cinco anos, descobriu a chave do mistério: o apelido era de Caetano José Cardoso, de fato um dos responsáveis pelo laudo cadavérico de Cláudio. Por que então isso não foi considerado pelos estudiosos ? A resposta é simples: como aquele livro não tratava da Inconfidência, não foi usado como fonte pelos especialistas... A identificação, confirmada por Paulo Gomes Leite, historiador da PUC-MG, restaura a credibilidade da confissão do antigo legista e desmonta a tese do suicídio. A exemplo do jornalista Vladimir Herzog em 1975, Cláudio não se matou, mas foi assassinado. O mandante provavelmente foi o Visconde de Barbacena, cujo envolvimento na Inconfidência é, ainda hoje, pouco conhecido, e que temia ser incriminado se Cláudio fosse ouvido no Rio de Janeiro perante o vice-rei. O achado muda nossa visão do movimento: desmente que um importante líder tenha se acovardado na prisão, pondo fim à própria vida e ilustra a violência da repressão, que também vitimou Tiradentes.


QUEM FOI CLÁUDIO MANUEL DA COSTA

Advogado e poeta nascido em Mariana (MG) em 1729, Cláudio foi secretário de governo em várias administrações da capitania de Minas . Por isso o governador achava que ele “sabia demais”.


QUEM FOI O “PARACATU”

Caetano José Cardoso (1749-1826) era português, de Lamego. No Brasil, desde os 22 anos, trabalhou como médico em Minas Gerais, tanto em Paracatu (de onde veio seu apelido), quanto em Vila Rica. Possuía uma das melhores bibliotecas da época, com mais de 400 volumes.


QUEM FOI O VISCONDE DE BARBACENA

Luís Antônio Furtado de Mendonça nasceu em Lisboa em 1754. Noomeado Governador de Minas Gerais, veio para o Brasil em 1788. Era sobrinho do vice-rei Luís de Vasconcellos, responsável pelo processo contra os inconfidentes no Rio de Janeiro. Morreu em Portugal, depois de 1806.

Um comentário:

  1. Muito bom o artigo sobre o Claudio Manoel da Costa,e a comparação com o Herzog, gostaria de entrar em contato com você Sérgio... me escreva.
    Atenciosamente,
    Consuelo

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Agradeço pela sua presença. Abraço meu, Gisele