Se em vez de
E.x² tivéssemos C.x² e fosse possível encontrar
um gênio do cálculo e ele desse a solução para resolver a equação corrupção,
como seriam os noticiários dos telejornais no Brasil e no mundo?
Manhã dessas
não suportei o repetitivo noticiário matinal sobre o desvio de dinheiro
público, denúncias de parlamentares eleitos pelo povo recebendo propinas, a
cara de inocente dos acusados em seus discursos defensivos e resolvi assistir
uma aula de cálculo diferencial e integral. Sempre fui apaixonada pela
filosofia que permeia o raciocínio dos matemáticos, suas histórias de vida e
devoção às Ciências. Optei por Humanas e jamais pensei que um dia me esconderia
diante de uma lousa repleta de fórmulas para fugir dos horrores da bandidagem
que avança faminta em direção ao maldito K. O dinheiro é o ópio dessa gentalha
que parece se reproduzir como abomináveis roedores numa luta insana com agentes
de defesa do bem público.
Eu numa aula
de raciocínio sobre conceito de limite à direita, à esquerda e continuidade,
importante definição de derivada e integral. Um ramo da álgebra e da geometria.
Que coisa mais linda ver um professor e alunos numa aula de raciocínio,
concentrados. Lembrei-me dos alunos para os quais dei aulas e compartilhei
saberes, das inúmeras salas de aula onde entrei e sai emocionada com o
diferencial de um ou dois por turma. Jamais esqueci os nomes dos talentos que
reconheci. Onde estarão estes alunos? Em que sala de aula estudam ou ensinam
seus dons?
Fechei os
olhos por instantes e temi pelo futuro dos estudantes que conheci tão bem. Temi
vê-los engravatados, corrompidos pelo sistema que aí está. Temi reencontrar
meninos e meninas brilhantes compactuando com o raciocínio nefasto de quem
engendra e sustenta a matemática da corrupção. É certo que esses gênios jamais
aparecem ou quando são pegos saem ilesos, sempre prontos para montar
complicados cálculos e operações para ofertar a gestores cada vez menos
preparados e mais ousados em suas retóricas defensivas.
Abri os
olhos, derramei uma lágrima por aquele abnegado professor e pensei no encontro
dele com Arquimedes (287-212 a.c) numa possível volta ao passado. Arquimedes, o
pensador, engenheiro, inventor, astrônomo e matemático destacado no campo da
geometria.
O professor
perguntaria para Arquimedes:
− Há solução
para E.x²?
Eu
perguntaria para os dois:
− Há solução
para a corrupção, algo como C.x²?
Ambos,
naquela longínqua volta ao passado, provavelmente diriam:
− Sim,
existe. Mas ainda não foi inventada. Nem ontem, nem hoje, talvez amanhã.