28/03/2012

Osasco precisa de mais transporte adaptado

Neste momento eu deveria estar a caminho da AACD para acompanhamento de enfermagem das minhas úlceras de pressão. Infelizmente o transporte adaptado Servindo, da CMTO, não pôde levar-me, embora tenha agendado. Ao ligar para o serviço, para confirmar o horário que viriam me buscar, disseram que não foi possível me atender.São somente dois carros para atender a todos os munícipes, sem mobilidade, no transporte para consultas médicas. Tenho paraplegia e trato destas feridas para poder fazer fisioterapia e ter alguma chance de voltar ao trabalho e à vida normal, mesmo com as minhas deficiências e limitações motoras.
Senhores vereadores e gestores da mobilidade urbana de Osasco, precisamos de mais veículos adaptados e refazer calçadas e ruas. Em São Paulo é lei a adaptação de ruas, calçadas e acessos aos espaços públicos e privados. Por favor, precisamos da atenção dos senhores para termos alguma chance de igualdade de oportunidade ao trabalho, atendimento médico e lazer. As eleições estão aí. Quem está de fato trabalhando em favor dos deficientes físicos, idosos e pessoas com algum tipo de necessidade especial para viver? 

24/03/2012

Aziz Ab'Sáber: um cientista com coração de menino

Somente hoje pude escrever no blog sobre o grande geógrafo, educador, ambientalista e um dos maiores cultores das Ciências da Terra, Prof. Aziz Ab'Sáber (1924-2012), que nos deixou em 16 de março último. 
Escolhi relembrar o texto de apresentação da biografia do Prof.Ab'Sáber, escrito pelo geógrafo Edmilson Brito Rodrigues, para uma aula sobre a Amazônia Brasileira com um dos maiores pensadores brasileiros de todos os tempos.
A aula, como o Prof.Aziz gostava de se referir às suas palestras, foi por ocasião do lançamento do livro Uma Aventura na Amazônia-RAYCHA*, obra independente, escrita e editada por mim com orientação do grande cientista do IEA-USP.
Fiquei tão encantada com a humildade deste sábio educador, um dos maiores da geografia mundial, ao me orientar na elaboração de um livro para alunos do ensino fundamental, que resolvi criar o personagem Xeique para eternizá-lo junto às crianças brasileiras e, quem sabe, contribuir para semear o interesse pelos estudos e pela arte do ofício de educar a partir do exemplo de um sábio.
Nossa parceria renderia mais um livro. No final de 2009, o professor sugeriu-me escrever sobre o Egito Antigo às crianças. Desta vez, pediu-me para inserir na capa de rosto do livro: "escrito com orientação do Prof. Aziz Ab'Sáber".
Nossa primeira reunião de elaboração do roteiro foi marcada mas precisei cancelar para levar minha mãe às pressas ao pronto-socorro. Nunca mais nos encontramos. Em março de 2010 sofri grave acidente e ainda hoje trato das sequelas, entre elas paraplegia e recorrentes infecções. Por isso demorei para vir ao blog.
Quando nos encontrarmos, no plano da existência espiritual, teremos muito o que estudar e conversar sobre as riquezas e poderes da Natureza, mesmo nas regiões mais secas do Planeta. No Egito, 70% do território é deserto. Mas há o rio Nilo, trazendo fartura e riqueza por onde passa, misterioso.
Querido Prof. Aziz Ab'Sáber, descanse em Paz. Qualquer dia destes nos reencontraremos.

(*) A Editora Moderna o inseriu no catálogo Projeto Pitanguá Ciências 5º ano, 3ª edição.

10/12/2008

Aziz Ab’Saber é um exemplo da capacidade de sonhar inerente às almas que se mantém crianças


TEATRO EVA HERZ
LIVRARIA CULTURA
9/12/2008 Palestra e Sessão de Autógrafos com Ab'Sáber
Coordenação: Gisele Pecchio (escritora) e Adriana Giglio (Eventos da Livraria Cultura)
Apresentação de Aziz Ab'Sáber: Prof. Edmilson Brito Rodrigues
AZIZ AB’SÁBER
Sabedoria e dignidade a serviço de um Brasil e um mundo felizes
Aziz Nacib Ab'Sáber é um cidadão do mundo nascido em São Luís de Paraitinga em 1924, onde viveu até os seis anos, quando sua família se mudou para Caçapava, onde freqüentou o curso primário. Para cursar o ginásio, ia diariamente a Taubaté, até que fosse inaugurado o ginásio em Caçapava. Geógrafo formado pela USP, concluiu seu doutorado em 1956, em 1965 recebeu o título de livre-docente e em 1968 o de professor titular dessa instituição universitária da qual foi Diretor do Instituto de Geografia.
É um dos geógrafos mais respeitados no mundo, tendo desenvolvido teses de importância singular para a ciência geográfica universal. Ao longo de mais de seis décadas de trabalho, que continua em pleno poder frutificador, produziu e publicou muitas centenas de artigos, teses, projetos, livros. Se seu referencial de análise é o geográfico, Ab’Saber, por ser um pensador crítico e arguto, é um desses raros intelectuais do planeta com um senso de totalidade surpreendente, e grandeza para advogar a necessidade de um esforço interdisciplinar para a apreensão, compreensão e solução dos problemas sócio-espaciais contemporâneos, a fim de que a humanidade possa caminhar rumo a um futuro mais justo e feliz.
As histórias de instituições como o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), a Academia Brasileira de Ciências; a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (que presidiu entre 1993 e 1995), bem como a USP, na qual continua atuante no Instituto de Estudos Avançados como professor honorário, não podem ser contadas sem que se considere a competente contribuição técnico-científica e dirigente desse sábio e dedicado mestre.
Professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Ab’Sáber coleciona importantes prêmios que expressam reconhecimento pelo muito que o Brasil e o mundo lhe devem. Contudo, o Brasil e o mundo estão longe do reconhecimento merecido por este que é símbolo da inteligência e compromisso com uma ciência a serviço da dignidade humana.
A coerência do professor Aziz Ab’Sáber é outra característica que lhe enobrece. Nunca fecha os olhos aos problemas sociais no território brasileiro e no espaço mundial; nunca deixa de reconhecer o mérito de políticas favoráveis ao projeto de sociedade democrática e justa. Do mesmo modo, nunca deixa de criticar as políticas e os governos que as perpetram quando as julga injustas. Foi assim contra a ditadura militar, como incisivo foi com relação ao governo de Fernando Henrique Cardoso, seu colega de USP, e mesmo em relação ao governo do presidente Lula, a quem emprestou seu prestígio e colaborou na elaboração programática em diversas campanhas presidenciais até 2002. Com a humildade que lhe é peculiar, mas do topo da autoridade moral e intelectual que lhe assegura respeitabilidade no mundo todo, tem a coragem de falar de sua indignação com a incompetência técnica, científica, administrativa e social de membros do primeiro escalão do governo. E ousadia para afirmar que em relação à educação e à preservação ambiental os erros são bárbaros. “Falta estudá-los seriamente, com profundidade e interdisciplinaridade”, afirma. Questionado sobre o discurso do presidente de que “a Amazônia brasileira não pode continuar intocada, mesmo porque lá moram 20 milhões de pessoas”, Ab’Sáber, com o modo respeitoso mas sincero que lhe é peculiar, porque cientificamente honesto, afirma: “É um erro sem tamanho afirmar isso. Cerca de 70% dessa população já migrou para as cidades devido à dificuldade de conseguir um emprego na agropecuária. O problema principal é saber como a Amazônia está sendo tocada, por quem e por que tipo de capitalismo”. Ab’Sáber tem demonstrado decepção com o fato dos governantes nada fazerem para conhecer a Amazônia, mediante trabalhos sérios de pesquisadores e cientistas. Em recente entrevista, observa: “Qualquer coisa que diga respeito a um projeto é feita sem previsão de impacto, sem delimitação de subáreas. Na questão amazônica, cheguei a fazer um mapinha das 23 células espaciais e mandei para o Lula quando assumiu a presidência, com uma carta dizendo que deveria reunir em Brasília pessoas competentes, geógrafos, geólogos, sociólogos, indigenistas para estudar cada uma delas. Depois, se organizariam seis comissões com pós-graduandos e técnicos para ir até as células, comparando os problemas, que são muito variados. Mas alguém rasgou a carta, eles não querem a opinião de ninguém. Uma das minhas críticas ao governo Lula é a falta de democracia no debate das idéias”.
A indignação é desse cidadão do mundo que optou por ser geógrafo, mas pensa o espaço geográfico na perspectiva histórica. Desde seus primeiros trabalhos, como “Regiões de Circundesnudação Pós-etácica no Planalto Brasileiro”, ainda nos anos 40 com repercussão internacional — até “A Revolta dos Ventos”, que explica o quanto as areias das campanhas gaúchas têm a ver com o mau uso do solo, não há região que Aziz não tenha estudado ou visitado. Um de seus trabalhos mais recentes explica tudo acerca dos oito mil quilômetros de litoral brasileiro, do Oiapoque ao Chuí — praias, mangues, encostas, ilhas, bocas de rios, restingas, enseadas, fauna e flora, e como se formaram ao longo dos últimos milhares de anos. Entre outras obras de grande relevância, inclui-se “Amazônia: do discurso à praxis” (1996) publicado pela Edusp, onde faz o que mais sabe fazer: ensina sobre os problemas ecológicos, econômicos, geomorfológicos e climáticos; sobre relação do homem com a natureza e os impactos ambientais, a necessidade de proteção, entre outras questões centrais para se pensar essa região que tem papel fundamental na geografia do Brasil e do mundo.
O mestre também realiza sua práxis social pela afirmação do princípio de que a educação é o elemento fundamental para a inserção social dos explorados e oprimidos. Estuda as periferias, elabora projetos de instalações úteis para as crianças, como o projeto de mini-vilas olímpicas /clube da comunidade; organiza uma campanha por bibliotecas comunitárias, montadas em centros comunitários, sedes de escolas de samba, presídio, cursinhos pré-vestibulares, etc. Tem consciência de que o acesso aos livros é condição fundamental para que crianças e jovens conquistem o hábito da leitura e possam ser protagonistas de um futuro digno e feliz.
Por isso, o presente ato se reveste de um significado muito especial. É um belo momento de lançamento de livro. Belo, porque livro; belo porque a autora, jornalista e escritora Gisele Pecchio escreve para crianças de todas as idades e, concordando com o professor Ab’Sáber, contribui para transformar o amor pela leitura em caminho de inserção social, especialmente ao editar sua obra em padrão convencional, em braile e áudio-livro, coisa que o poder público e as grandes editoras se negam a fazer porque o lucro se sobrepõe ao direito humano ao saber. O momento é de beleza porque o livro trata da Amazônia – objeto estudado com profundidade pelo mestre e nele é inspirado. Mesmo porque, aos 84 anos completados no último dia 24 de outubro, o professor Aziz Ab’Saber é um exemplo da capacidade de sonhar inerente às almas que se mantém crianças.
Edmilson Brito RodriguesDoutorando em Geografia pela USP
Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Fontes:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=24184
http://cienciahoje.uol.com.br/1678
http://www.vermelho.org.br/diario/2002/1126/antero_1126.asp
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2005/espaco55mai/0perfil
http://www.comciencia.br/entrevistas/aziz/aziz01.htm
http://cienciahoje.uol.com.br/1678
http://ocavirtual.wordpress.com/2008/07/03/aziz-absaber-fala-sobre-a-amazonia/
http://profissaogeografo.blogspot.com/2007/09/aziz-absaber-reconceituando-educao.html
http://blog.controversia.com.br/2008/11/24/aziz-ab%C2%B4saber/
Revista Teoria e Debate Fundação Perseu Abramo nº 18 maio/junho/julio de 1992.

06/03/2012

Cortella fala sobre Paulo Freire

Paulo Freire: educação, filosofia, ética.O jornalista João Rocha Rodrigues, na edição 153 da revista Brasil Almanaque de Cultura Popular, distribuída nos voos nacionais e internacionais da TAM, pergunta ao filósofo Mario Sergio Cortella como foi a sua convivência com o educador Paulo Freire. Cortella disse ter sido uma convivência de 17 anos com um "homem sábio e, por isso, humilde". "Paulus, em latim, significa pequeno. Mas Paulo Freire era um homem tão grande que sabia que era pequeno para poder crescer. Gente grande de verdade sabe que é pequena, e por isso cresce. Gente muito pequena acha que já é grande, e o único modo de crescer é rebaixando outras pessoas".