O menino, a Bandeira e o futuro
Por Gisele Pecchio
"Salve, lindo pendão da esperança, Salve, símbolo augusto da paz! Tua nobre presença à lembrança A grandeza da Pátria nos traz...”
O brasileiro Lucas, 2 anos, com os braços para o alto e o sorriso emoldurando o rosto pálido, de feições angelicais, foi a mais bela homenagem prestada à Bandeira Nacional presenciada por mim, em 19 de novembro.
Eu saia da repartição pública onde trabalho, por volta das 12 horas, quando encontrei o menino trazido no colo, pela mãe. Ele sorria, com os braços apontados na direção do Pavilhão Nacional. Cheguei a ouvi-lo balbuciar algo, como se estivesse se comunicando com as bandeiras, lá hasteadas.
“É a primeira vez que ele vê bandeiras”, disse a mãe. “Ainda bem que elas estão em perfeito estado e correta apresentação”, pensei comigo mesma. Noutra repartição, da saúde estadual, por onde eu havia passado, pela manhã, o menino encontraria o Pavilhão Nacional em péssimas condições. Uma pena alguns gestores públicos não observarem o respeito a um dos mais importantes símbolos nacionais. É sabido que a ignorância parece estar na moda, mas, no que se refere aos símbolos nacionais, a não observância aos princípios da Lei é condenável.
A chuva fina não foi impedimento para a homenagem única e solitária do menino. Em retribuição ao afeto sincero, soprado pelo vento leve o céu de puríssimo azul, a verdura sem par das nossas matas e o esplendor do Cruzeiro do Sul tremularam em saudação exclusiva. Só Lucas entendeu o significado particular daquela saudação.
Eu, maravilhada com a cena, sorri para a mãe e para o menino que alheio continuava olhando firme na direção do verde lábaro estrelado, ladeado pelas bandeiras do Estado de São Paulo e do Município de Osasco.
Nos olhos verdes do menino brilhavam em profusão as cores do “querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil!”, como escreveu o poeta Olavo Bilac e compôs o músico Francisco Braga.
Lá, diante da Bandeira Nacional, perto do meio do dia dedicado a Ela estavam apenas o menino, no colo da mãe, e eu, admirada com a beleza da imagem à minha frente. Sem cerimônia, sem hino. Só a chuva fina e o vento suave trazendo à memória os tempos em que não ignorar era moda. gisele.jorn@uol.com.br
”...Recebe o afeto que se encerra Em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil!...”