24/08/2012

Consulta no ginecologista, outra barreira para superar

*Sobre os sintomas persistirem:
Entendi o quão inútil foi o meu sacrifício perambulando de consultório em consultório para descobrir a origem da dor. Um simples exame de urina e urocultura teriam me livrado de muitos constrangimentos. Um único e justo atendimento feito por qualquer um dos profissionais que me atendiam, da médica do atendimento domiciliar, ao ginecologista ou urologista. E mais tarde ainda fui acusada de gerar custos para o convênio. O único exame que fiz no consultório do urologista, uma urodinâmica pedida pela fisiatra do convênio, em 04/9/12, poderia ter me auxiliado. Neste dia relatei os sintomas ao médico e o pedido de um exame de urina e urocultora teriam evitado um calvário de peregrinações. O próprio ginecologista poderia ter solicitado, já que utilizo sonda, não porque quero mas tenho feridas e perdi, de há muito, a capacidade de conter a urina associada a insuficiência esfincteriana.Tenho infecções urinárias de repetição e necessito de controle e antibióticos.
Quem resolveu mesmo foi a psiquiatra que me atendeu em 26/9/12. Estava com muito ardor e solicitei que me desse uma guia para urina I e urocultura, antes de relatar a ela como me sentia em relação aos medicamentos que faço uso para enfrentar essa tribulação toda. Ela errou a data quando pedi, noutra consulta, em 28/1/13, que confirmasse o pedido de exame que lhe fiz (anotou 26/9/13 invés de 26/9/12), razão pela qual estou postando hoje no blog. O resultado saiu em nome do ginecologista, que não me fez pedido de exame de urina. O resultado da origem do pedido saiu em nome da assistência domiciliar mas me levaram em maca ao laboratório para fazer a coleta, estando eu em regime de home-care. Depois, o enfermeiro do home-care me entregou o resultado e disse para eu mostrá-lo à psiquiatra. Não retruquei, ignorei mais essa tortura psicológica e estresse do meu já cansado corpo físico. Depois que o enfermeiro foi embora abri o exame, li o resultado e insisti pela conduta do serviço domiciliar que saiu em 04/10/12 após eu engolir provocações.

No último dia 14 estive em consulta com ginecologista do convênio. O médico que me atende somente tinha agenda para 31 de agosto; a consulta já havia sido marcada há cerca de um mês. Precisei antecipar, com outro profissional, devido a uma insuportável intercorrência. Mesmo assim, aguardei uma semana pelo atendimento.
Cheguei no consultório em maca. A enfermeira levou os instrumentos para exame de Papanicolau e se colocou à disposição do doutor para auxiliá-lo. O médico, no entanto, sequer me examinou. Percebi que tinha boa vontade mas não sabia o que fazer com uma paciente paraplégica que tem espasmos na perna e ainda utiliza sonda de demora.
Nem tentou me examinar, não prescreveu e me forneceu amostra grátis de uma pomada a base de fosfato dissódico de dexametasona mais associação. Tentou me poupar e se poupar mas a pomada não resolveu e os sintomas persistem*.
Percebi a sua boa vontade, inútil, em querer me ajudar evitando algo que pudesse me prejudicar diante da sua falta de prática em atender pacientes como eu. Para falar a verdade, eu mesma estou apanhando muito para aprender a lidar com esse meu outro corpo físico. Ele está muito diferente do que já foi.
Jamais usei sonda, nunca tive escoliose, espasmos ou úlceras de pressão. As drogas que eu conhecia eram adrenalina e serotonina e, de vez em quando, umas gotinhas de analgésico ou antitérmico.
Li na web uma entrevista com a jornalista Flávia Cintra, também lesada medular, sobre a conduta de alguns médicos diante de pacientes como nós. Ela inspirou a criação da personagem tetraplégica em novela da Rede Globo.
Comentei o fato em consulta com a médica que me acompanha na AACD-Osasco, Dra. Midori. Ela foi enfática ao dizer que tenho o direito de exigir ser examinada.
Tenho fé que essa é uma missão que me cabe para contribuir, como outras tantas mulheres com lesão medular, a fim de melhorar a vida de pessoas diferentes com direitos iguais. Para então, com a indispensável ajuda dos médicos, paramédicos e outros profissionais que se dedicam ao setor da saúde, atingir a tão sonhada reabilitação e readaptação para a vida e para o trabalho. Acaso tudo contribua para eu desistir de lutar, que Deus me ampare em sua infinita misericórdia.
 
 


 





17/08/2012

TRÍPLIC3 PARC3RIA reúne metodologia à inclusão escolar e comoventes histórias de vida

TRÍPLIC3 PARC3RIA
Um método de sucesso na inclusão escolar de pessoas com síndrome de Down
Por Letícia P. Gaspar Silveira, Nancy Pereira da Costa, Vilma de Carvalho Sestaro e Colaboradores.
Editora: ICACESP, 2011
ISBN 9788561623067

A dedicatória: para a prima Gi e para a tia Fá, com o carinho e beijos da Pri, Santos -SP, 03/8/2012
O livro: uma contribuição científica baseada em rica bibliografia, acompanhamento familiar, escolar e acadêmico recheada de relatos emocionantes sobre a evolução de dois brasileiros com síndrome de Down: Samuel de Carvalho Sestaro (designer de moda) e Pricila Silveira Ghiuro (especialista em gastronomia)
Leitura obrigatória para quem já tem ou pretende ter filhos, profissionais da educação, saúde e para todos aqueles que acreditam na transformação da vida por meio da interação de todos, por amor.
O amor é verdadeiramente transformador, o maior legado deixado aos cristãos. Ele é eterno e seus frutos jamais perecerão.
Parabéns prima Let! 
Nós duas deixamos a nossa singela contribuição à inclusão de pessoas diferentes com direitos iguais na sociedade. Cada uma de modo diferente, mas o conteúdo ficou registrado em livros.
Agora travamos uma luta pelas nossas vidas, cada uma a seu modo. Mas temos em nosso DNA a força que resiste a dor física e emocional e que nos conduz sorrindo mesmo com os corações partidos.
Smile!
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile...

02/08/2012

Gisele Pecchio está feliz com a sua calcinha de algodão

Hoje recebi a visita de outro colega da Prefeitura do Município de Osasco. O Enfº Felisberto Pereira Lima, do Programa de Atendimento Domiciliar (PAD), da Secretaria de Saúde. Igual a do fisioterapeuta, uma visita profissional.
Quando ligaram-me agendando fiquei meio preocupada pois estava acostumada com a Enfª Mariselma Gimenes. Entre mulheres fico mais à vontade devido ao grau de comprometimento motor e fisiológico em que me encontro.
Nada como um dia após o outro para eu me acostumar com a nova vida. Agora não pode mais haver espaço para a timidez, o pudor, o choro e o recato quando se tratar da minha relação com os profissionais da saúde e cuidadoras. Preciso me adaptar para viver.
Imagine que graças ao profissionalismo do Enfº Felisberto, hoje, deixei a fralda, ainda que experimentalmente, e estou usando a minha calcinha de algodão favorita. Estava esquecida na gaveta do meu guarda-roupas, no meu quarto, onde jamais pude entrar após o acidente, em março de 2010. São 23 degraus até a minha antiga casa, onde talvez não mais voltarei sem um elevador ou outro tipo de adaptação capaz de me fazer subir sentada, na minha cadeira..
CALCINHA - Você deve estar rindo da importância que dei para uma simples e velha calcinha de algodão. Ocorre que há dois anos e meio uso fraldas por causa das feridas na bunda. O mais engraçado é que além do elástico velho e bem soltinho ela tem a estampa de uma criança andando de bicicleta. A diferença agora é que a minha "bicicleta" tem duas rodinhas pequenas e duas grandes. Hoje, Felisberto colocou-me em decúbito para aplicar dois curativos hidrocoloides franceses, um no glúteo e outro na região sacral. São curativos muito caros, de rápido resultado no fechamento das úlceras, explicou ele. O ideal é que permaneçam até sete dias e resistam ao suor do corpo e a água do banho. Por isso a fralda deu lugar à calcinha de algodão. O algodão absorverá a umidade para o bom resultado.
Vamos torcer para dar certo. Do contrário, valerá o longo, cansativo e também custoso tratamento convencional das velhas e boas pomadas.
Passo a passo, com a ajuda do pessoal do convênio hospitalar, do PAD e da AACD vou vencendo barreiras que pareciam intransponíveis.
Deus, em nome de Jesus, muito agradecida por mais este dia. Tome conta da Gi. Ela está em suas mãos e confia em ti. Cuide bem da pequena Giovana, ela também precisa muito de ti. Amém.