27/04/2015


DOMINGO SEM CHORO,
MAS UM MENINO CAUSOU EMOÇÃO
Osasco, SP, 26 de abril. Fui fazer as compras do mês com minha mãe. Na volta para casa ela seguiu com taxista e eu sozinha. Domingo não tem trânsito e posso tocar a cadeira de rodas na rua, já que calçadas acessíveis não há. Também não posso andar em veículo convencional, só em carros adaptados, por causa das lesões na coluna e na pele.
Pela primeira vez não chorei. Sempre ficava em prantos sozinha, com muito esforço, dor e cansaço rodando pelo Calçadão e pela rua de casa onde andei com minhas pernas durante 50 anos.
Não chorei, mas me emocionei  por causa de um garotinho de uns 5 anos que se desgarrou da mãe e veio correndo ao meu encontro.
− Oi! – disse ele.
− Oi! – respondi.
− Quê azuda?  Eu levo o cê – disse o menino.
− Não precisa, meu anjo, muito grata – respondi.
Neste instante a mãe puxou o menino pelo braço e os dois foram embora.
Ouvi o garotinho murmurar: “azuda, azuda ela”.
Respirei fundo para não cair em prantos.
Sinto muita falta das minhas interações com as crianças por meio da leitura e do bate-papo sobre as aventuras do cão Toby. Era um exercício maravilhoso da arte de aprender a ler, fazer perguntas e dar respostas de conteúdo seguro aos pequenos.
Todos os dias reflito sobre a finitude, exercício mental necessário em cada etapa da vida.
Descrição da imagem: rostos juntinhos de Gisele com alunos
do Colégio Desafio, após palestra e autógrafos.


Um comentário:

Agradeço pela sua presença. Abraço meu, Gisele