Sobre os depoimentos que li e ouvi em 19 de abril, quando morreu
o locutor, apresentador e empresário Luciano do Valle (1948-2014), eternizado
entre os ícones dos esportes no Brasil, lamentei a ausência da citação do nome ou
fala de Osmar Santos. A expressão “isso é quântico”, entre os depoimentos, me
inspirou a escrever sobre dor.
A dor de Osmar, por não ter se expressado sobre a dor da perda
de um colega. Santos está tetraplégico mas sente, ama e pensa igual, na sua
diferença. Por que não lhe foi dado se expressar, na sua condição? Com o pincel
na boca, poucas palavras ou por meio de uma lágrima ele continuará digno
de atenção e importância.
Quem citou quântica foi o médico-cardiologista a bordo da
aeronave, que teria prestado o primeiro atendimento ao jornalista. Ele reiterou
a importância de o repórter Fernando Fernandes, que viajava com Luciano, acompanhá-lo
na ambulância. A presença de um ente querido, no dizer do médico, atenua os
sintomas e a terrível dor que antecede a parada definitiva do coração. Artista
que era na genialidade de criar e ousar empreender sobre trabalhos que passam ao
largo dos comuns, Valle era um homem afetuoso e sensível.
O quântico do doutor me deu força para falar sobre as terríveis
dores que torturam corpo e alma, desde que fiquei paraplégica com sequelas como
as tenebrosas úlceras por pressão e osteomielite. Sem o quântico das mãos
afetuosas da minha querida companheira de jornada, minha mãe, não teria
conseguido escrever um único parágrafo deste artigo.
Ao dramaturgo William Shakespeare teria sido atribuída a frase “todo
mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”. A imortalidade quântica
também é dom dos eleitos cuja existência mundana ainda é, significativamente,
questionada. Como tantos, em plena saúde e vigor físico, duvidam, sem refletir,
da materialidade da dor de quem sofre. Entre eles, profissionais da medicina
e enfermagem. Diferente do doutor que socorreu Valle, eles ainda não aprenderam a lição do
amor fraterno, remédio que traz conforto ao corpo e à alma.
QUÂNTICOS COMO O AMOR DIVINO
Submetidos às condições climáticas mais improváveis, eles
somente não sobrevivem à maldade dos seres humanos.
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Agradeço pela sua presença. Abraço meu, Gisele