Pula a fogueira Iaiá...
Pula a fogueira Ioió...
Cuidado para não se queimar...
Já foi o tempo em que falar em quadrilha, no mês de junho, era só brincar de Ioió e Iaiá, ao som da viola e da sanfona.
Lembro-me, com saudade, das festas de rua, das cadeiras na calçada, do cheiro bão de quentão e da pipoca na manteiga.
No céu, o colorido das bandeirolas e o brilho dos fogos de artifício.
No chão de terra vermelha, mãos inocentes arremessavam biribinhas, também conhecidas como estalos.
A chama da fogueira cozinhava o pinhão e iluminava a trilha aberta pelos pés de alpercatas.
O elenco da dança típica de junho era protagonizado por homem e mulher, na condição de noivos.
De quadrilha de junho eu entendo.
E como entendo...
E não poderia ser diferente.
Sou filha de pai nordestino, das Alagoas.
Nasci em plena noite de São João, tendo sido anunciado o meu nascimento por um balãozinho que caiu com a tocha acesa, no quintal de casa, dia 24 de junho, às 23 horas, exato instante em que vim ao mundo.
Não há filho nascido em terras nordestinas que não anseie passar férias na cidade natal, no mês de junho, em especial no vigésimo quarto dia, quando se festeja o Dia de São João, o ápice das comemorações juninas no nordeste brasileiro.
Mas, neste junho, falar de quadrilha não é só brincar de Ioió e Iaiá, ao som da viola e da sanfona.
Falar de quadrilha, em junho de 2007, é sentir cheiro de pizza, após ler e ouvir falar sobre um monte de notas frias de compra e venda de boi.
Era tanto boi que dava para fazer churrasco o mês de junho todo para alimentar a população das Alagoas, terra de papai e também dos Marechais.
Em julho, também haveria de ter carne de boi para alimentar o povo todo das Alagoas.
Boi pai d'égua.
Boi filho d'égua.
Boi arretado.
Boi danado esse boi.
Boiiii...
Daria para fazer um churrasco por dia, em agosto também.
E convidar os irmãos de Minas.
Êta trem bão sô!
Também a gurizada do Rio Grande.
Deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau...
Jamais pensei que nas Alagoas de papai não somente abundava as mais variadas canas, centenas de tipos delas, para alimentar a sede do Brasil e dos usineiros.
Também tem boi em abundância por lá?
Ôxe...
Oh, xente!
Seo Renan é o maior pecuarista do Brasil.
Ele está contribuindo, também, para mudar o conceito das quadrilhas de junho.
E dos protagonistas das quadrilhas de junho, idem.
Homem e mulher não são só os noivinhos da alegre dança junina.
Homem e mulher tem mudado conceitos...
Depois de relaxar e gozar, cuidado para não se queimar.
Pula a fogueira Ioiô...
Pula a fogueira Iaiá...
Cuidado para não se queimar...
Foto: AP/Gisele Pecchio, com 7 anos, na festa junina do 2º Grupo Escolar de Osasco, atual Emef Prof. José Liberatti
A propósito, Gisele, será que o Governo Lula irá promover a festa caipira este ano lá em Brasília?
ResponderExcluirO que não vai faltar é gente especializada em quadrilha.
Por exemplo, aqueles 40 envolvidos no mensalão, denunciados pelo Procurador-Geral da República e acusados por "formação de quadrilha" já formariam um excelente grupo.
É, Renato...
ResponderExcluirParece que Brasília promete ofuscar o brilho dos festejos populares de junho.
O arraiá dos amigos planaltinos promete.
O churrasco tá garantido pelo marajá das Alagoas. E o caçador de marajás caçado estará assistindo a tudo e a todos que outrora votaram pelo seu impeachment, motivado por causas que comparadas aos crimes de hoje o levariam à absolvição no juizado de pequenas causas...