As fotos mostram a mutilação, agonia e morte de uma representante da nobre linhagem da flora. Depois de morto o vegetal, ainda recebeu o escárnio de alguns seres humanos que seguem o paradigma da atualidade: a ignorância. Fotos: Gisele Pecchio, Osasco (SP), rua Dante Battiston (7/12/08)
No dia 6 de dezembro estava indo ao encontro de crianças e pais, na Livraria Cultura, para autografar o lançamento de Uma Aventura na Amazônia – Raycha livro escrito com orientação do geógrafo e respeitado ambientalista Prof. Aziz Ab’Sáber (FFLCH/IEA-USP) quando me deparei com uma passeata política, supostamente em favor do meio ambiente, na cidade de Osasco.
Fiquei parada diante do semáforo e dos manifestantes na rua Dante Battiston, no cruzamento com a rua Dona Primitiva Vianco. Alguns metros atrás do meu carro, na calçada, coberto de lixo e dejetos humanos – marcas da ignorância e falta de educação – estavam alguns centímetros do caule que sobrou da última grande árvore do extinto quadrilátero verde da região central.
Para quem não é daqui ou para quem não tem compromisso com a cidade, fato não raro entre muitos que detém o poder de dar um basta na poda mutilatória e no corte de árvores, a belíissima ex-sobrevivente da grande flora era um frondoso condomínio de pássaros que ainda voam em torno do local na busca inútil dos braços verdes que lhes ofereciam abrigo. Em julho deste ano, do outro lado da rua, foram abatidas, após várias sessões de tortura e mutilações, frondosas seringueiras que deveriam ter sido preservadas e tombadas.
O respeitado Prof. Ab’Sáber, geomorfologista reconhecido no mundo todo pelas suas contribuições à ciência, defende com veemência a urgência de previsão de impactos em projetos desenvolvimentistas, “uma exigência da ciência, da cultura e da ética”, segundo ele.
Para quem não é daqui ou para quem não tem compromisso com a cidade, fato não raro entre muitos que detém o poder de dar um basta na poda mutilatória e no corte de árvores, a belíissima ex-sobrevivente da grande flora era um frondoso condomínio de pássaros que ainda voam em torno do local na busca inútil dos braços verdes que lhes ofereciam abrigo. Em julho deste ano, do outro lado da rua, foram abatidas, após várias sessões de tortura e mutilações, frondosas seringueiras que deveriam ter sido preservadas e tombadas.
O respeitado Prof. Ab’Sáber, geomorfologista reconhecido no mundo todo pelas suas contribuições à ciência, defende com veemência a urgência de previsão de impactos em projetos desenvolvimentistas, “uma exigência da ciência, da cultura e da ética”, segundo ele.
No caso das grandes árvores que vêm sendo mutiladas e abatidas, no centro de Osasco, a desculpa parece ser o cupim e os fios da rede elétrica. Ora, o cupim pode ser evitado ou eliminado e a manutenção na rede elétrica é muito bem paga pelo contribuinte, que deveria exigir fiação subterrânea para preservar o meio em que vive e cria os seus filhos, cada vez com menos referência da história e geografia do lugar em que vivem devido a essas constantes e grosseiras intervenções no espaço urbano.
Restos dos caules das seringueiras sacrificadas estão ardendo em chamas e fumaça, outra ação criminosa. Qualquer estudante sabe, ou deveria saber, na ponta da língua, porque não devemos abater as árvores e muito menos provocar queimadas. É certo que a ignorância está na moda, senão a lei municipal que proíbe soltar fogos de artifício e fazer barulho nos arredores dos hospitais seria respeitada por políticos e empresários, para o conforto dos convalescentes [como aqueles que estavam no Hospital Municipal Antonio Giglio na manhã da última sexta, quando inauguraram uma loja de roupas no Calçadão com uma grosseira e desrespeitosa queima de fogos, em pleno dia].
Por falar em lei, já escrevi sobre isso, noutro artigo, mas é bom lembrar que se depender da branda lei 3995, que disciplina o corte, a poda e o replantio de árvores na cidade de Osasco, a sanha dos devoradores da expressão máxima da beleza da criação divina, que é o reino vegetal, vai continuar, sem limites. E para piorar, nos dispositivos que norteiam o uso do solo na cidade de Osasco ainda não é obrigatório reservar percentual de área permeável.
Restos dos caules das seringueiras sacrificadas estão ardendo em chamas e fumaça, outra ação criminosa. Qualquer estudante sabe, ou deveria saber, na ponta da língua, porque não devemos abater as árvores e muito menos provocar queimadas. É certo que a ignorância está na moda, senão a lei municipal que proíbe soltar fogos de artifício e fazer barulho nos arredores dos hospitais seria respeitada por políticos e empresários, para o conforto dos convalescentes [como aqueles que estavam no Hospital Municipal Antonio Giglio na manhã da última sexta, quando inauguraram uma loja de roupas no Calçadão com uma grosseira e desrespeitosa queima de fogos, em pleno dia].
Por falar em lei, já escrevi sobre isso, noutro artigo, mas é bom lembrar que se depender da branda lei 3995, que disciplina o corte, a poda e o replantio de árvores na cidade de Osasco, a sanha dos devoradores da expressão máxima da beleza da criação divina, que é o reino vegetal, vai continuar, sem limites. E para piorar, nos dispositivos que norteiam o uso do solo na cidade de Osasco ainda não é obrigatório reservar percentual de área permeável.
Ao lançar um livro sobre a Amazônia, para crianças, com orientações de um geógrafo que é referência mundial na defesa das boas práticas ambientais, um defensor do princípio de que devemos nortear nosso trabalho a partir da microregião que nos é dada habitar, eu não poderia deixar de fazer esse registro na expectativa de que algo possa ser feito para salvar a ética, os valores e os princípios, sem os quais não dá para salvar o meio em que vivemos e ser digno de láurea alguma.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGisele, querida, compartilho da sua tristeza e da sua indignação. Viajo muito pelo Brasil todo e, infelizmente, sou testemunha de fatos como esse q vc tão tristemente relatou.
ResponderExcluirSão mais do que corriqueiros na cidade de São Paulo tb e, por infelicidade minha o síndico do edifício onde moro "assssinou e removeu" do jardim (na calada da noite) 1 árvore absolutamente saudável e morada de diversos pássaros alegando que (árvores e pássaros) "FAZEM MUITA SUJEIRA" ao q argumentei que...sujeira fazem os seres humanos, jogando lixo em qualquer lugar!!! Apesar dos meus esforços tb destruiu 2 das 4 árvores q tínhamos em frente ao prédio e, veja só, a maioria dos moradores "nem notou"!!!! Só consegui preservar 1 das árvores do jardim; está lá, testemunha silenciosa e altiva, apesar das podas atrozes que sofre.
Denunciei o fato à sub-prefeitura e solicitei reposição das árvores, (isso tem quase 2 anos) até agora não houve qualquer retorno! :(
Temo pelo futuro da flora e fauna que estão esgotadas ao limite. Só nos resta, embora com o olhar perplexo, denunciar e denunciar e denunciar...quem sabe mais algumas vozes se unem as nossas!!!
beijo grande....sucesso sempre!
Vera Abi Saber