Hoje é aniversário da mamãe. Fany Pecchio completa 90 anos, firme e forte com a graça de Deus que, segundo ela, enviou-lhe o seguinte recado: "ela (eu) vai andar, nem que for devagarinho".
Hoje vesti roupa em casa, pela primeira vez, após meses usando camisola hospitalar. Jamais imaginei que utilizar uma bermuda, passar por dentro dela uma incômoda sonda urinária e vestir um top branco com uma regata amarela fosse tão simples e complicado ao mesmo tempo.
Simples graças à minha cuidadora Fátima e complicado por causa das dores e espasmos que não me permitem ficar muito à vontade diante de costuras, elástico e todo o tipo de compressão na coluna.
Difícil está sendo suportar uma febre com hora marcada, todos os dias, por volta das 15 horas e o inchaço, vermelhidão e alta temperatura no quadril direito, que está torto e foi negligenciado pelos médicos durante meses.
Após alta em 5 de novembro, ainda teve uma médica infectologista que desejou me internar na véspera do Natal, quando lá estive para buscar resultados de exames. Os exames de cultura somente ficaram prontos na segunda, dia 27. O que eu ficaria fazendo internada lá? Ganhando mais Resistência às drogas que supostamente poderiam combater alguma suposta infecção na articulação do quadril direito?
Fui vista como uma politraumatizada ou como uma coluna? Por que não fizeram radiografia e tomografia de todas as partes do meu corpo na minha primeira internação?
Sinto que meu organismo não resistirá mais ao sofrimento das intervenções invasivas, a este tipo de medicina que nos trata como partes e não de maneira holística, considerando a sensibilidade, a dor e o sofrimento de cada paciente que, para alguns médicos, infelizmente, é tratado como cliente. Assim foi escrito em meu longo prontuário. Só não me entregaram resultados de exames importantes como a cintilografia óssea e mais exames de imagem do meu quadril.
Fui internada em março de 2010 e após meses de insistência minha, devido ao inchaço na perna direita, é que passei por uma cirurgia de limpeza do quadril devido à provável osteomielite que abocanhou parte da cabeça do meu fêmur. Isso é o que suponho porque até o momento a equipe de ortopedia não esclareceu o que de fato houve e está acontecendo nesta parte importante do meu corpo, sem a qual não posso sonhar em ter alguma mobilidade ou marcha algum dia.
Importante dizer que a operação, que durou 3h15, foi realizada sem anestesia porque não sinto dor alguma abaixo do estômago. Sinto apenas movimentos e deu para saber que após cortarem minha pele me aspiraram o tempo todo.
Ouvi quando o cirurgião-titular da equipe de quadril disse a dois assistentes: "porque não me chamaram antes, eu estava aqui o tempo todo...poderia ficar comprometido o membro da moça" [minha cabeça de fêmur direita e articulação desta junto ao quadril]
São 13h32. Sinto um pouco de frio nos braços e o termômetro, jamais distante do alcance dos meus braços, acusa a temperatura de 36 graus. Tenho que estar sempre vigilante porque daqui a pouco poderá alcançar 38 graus, causando calafrios pelo corpo.
Rogo a Deus que não permita que isto ocorra no Dia do Aniversário de quem mais amo neste mundo: minha querida mãe. Mas no momento que encerro a mensagem de hoje já saltou para 36,2.
Uma pena. Gostaria que hoje fosse diferente.
28/12/2010
24/12/2010
Feliz Natal
Aos amigos do Blog da Gisele Pecchio desejo um Natal de Paz e que Jesus possa renascer em nossos corações com a ternura do Menino-Rei que veio para nos salvar e resgatar nosso corpo físico e espiritual.
09/12/2010
EM CASA
Hoje completo 34 dias em casa, sem febre.
Sofro com as dores e os espasmos, naturais do quadro neurológico.
Dia destes cai da cadeira de rodas e ganhei um galo no cocuruto.
A clavícula fraturada no acidente de 7 de março de 2010 voltou a doer por causa da queda e dos espasmos.
Mas tudo passa. As dores também passarão. Talvez aquela dorzinha na alma jamais passe. A dor de saber que ainda não posso voltar ao trabalho, lavar o quintal, arrumar a casa, dirigir o meu carro (já está à venda), acompanhar a mamãe nas compras, no médico, nos passeios que fazíamos juntas.
Mas Deus está no comando de nossas vidas e mesmo, às vezes, sem muita força para perseverar na oração eu continuo agradecendo a Ele pela bondade de me conceder mais um dia, mais uma noite, mais uma refeição, mais uma oportunidade de viver ao lado das pessoas amadas.
Aqui em casa muita coisa mudou, mas permaneceu linda, cheirosa e sempre carregada de flores e brotos a roseira Príncipe Negro* que plantei com tanto amor.
ler sobre minhas Príncipe-Negro no Blog da Gisele Pecchio de 10/7/2008
Sofro com as dores e os espasmos, naturais do quadro neurológico.
Dia destes cai da cadeira de rodas e ganhei um galo no cocuruto.
A clavícula fraturada no acidente de 7 de março de 2010 voltou a doer por causa da queda e dos espasmos.
Mas tudo passa. As dores também passarão. Talvez aquela dorzinha na alma jamais passe. A dor de saber que ainda não posso voltar ao trabalho, lavar o quintal, arrumar a casa, dirigir o meu carro (já está à venda), acompanhar a mamãe nas compras, no médico, nos passeios que fazíamos juntas.
Mas Deus está no comando de nossas vidas e mesmo, às vezes, sem muita força para perseverar na oração eu continuo agradecendo a Ele pela bondade de me conceder mais um dia, mais uma noite, mais uma refeição, mais uma oportunidade de viver ao lado das pessoas amadas.
Aqui em casa muita coisa mudou, mas permaneceu linda, cheirosa e sempre carregada de flores e brotos a roseira Príncipe Negro* que plantei com tanto amor.
ler sobre minhas Príncipe-Negro no Blog da Gisele Pecchio de 10/7/2008
01/12/2010
Gi, querida:
Acabo de saber de seu acidente, por um e-mail que recebi, gerado pelo Orkut, e com uma mensagem de sua mãe.
Vamos trocar experiências.
Também estou sem andar por conta de uma doença neurológica degenerativa que afetou meu equilíbrio e marcha. Não podendo ficar em pé sem auxÌlio, utilizo uma cadeira de rodas para me deslocar. Para complicar, moro numa ilha, com poucos recursos.
Força, moça !
Um beijo,
Sergio
Sergio, querido,
Chorei muito por nós.
Não desejo para a pior criatura deste mundo a forte provação pela qual passamos.
Graças a Deus você casou e tem o amor da mulher e filhos.
Eu tenho uma adorável mãe, que no alto dos seus 89 anos me ajuda como pode.
Tenho uma cuidadora de 2ª a 6ª mas aos sábados e domingos ficamos sós.
Sempre fui muito trabalhadora e ia para a cama somente tarde da noite após tomar meu banho. Sempre gostei de dormir e acordar limpinha e cheirosa.
Hoje, somente saio da cama com ajuda para o banho e higiene.
Tenho uma cirurgia extensa nas costas, de T2 a L1 devido a uma queda de 4,5m, além de três úlceras de pressão. Minha bacia foi negligenciada pelos médicos e está torta à direita.
Quase perdi a perna direita devido a esse problema que gerou uma série de infecções hospitalares.
Agora estou em casa, após 8 meses de hospital, com febres que se arrastavam por dias e noites, onde entrei com fratura de clavícula, perfuração de pulmão, trauma raquimedular e no quadril.
Sofro com dores e limitações no paraíso do meu lar, ao lado da mamãe que jamais me abandonará*.
Beijo meu, Gi
nota: Sergio é economista e jornalista pela USP e recebeu de Deus o dom das letras em forma de poesia e da crítica literária. É dele um dos comentários na contra capa do meu primeiro livro: "Um Par de Asas para Toby".
(*) Temos em casa um cãozinho poodle de nome Toby, batizado assim pela minha sobrinha Marianna em homenagem ao personagem Toby. Pessoa alguma chega até mim sem passar por ele. Um amor de cãozinho, "uma virtude que impedida de tomar forma humana fez-se animal", como disse o escritor Victor Hugo. Por isso, "não te envergonhes se, às vezes, os animais estejam mais próximos de ti do que as pessoas. Eles foram criados pela mesma mão criadora de Deus que nos criou. É nosso dever protrgê-los e promover o seu bem estar", disse Madre Tereza de Calcutá. "Eles dividem conosco o privilégio de ter uma alma", segundo Pitágoras.
Acabo de saber de seu acidente, por um e-mail que recebi, gerado pelo Orkut, e com uma mensagem de sua mãe.
Vamos trocar experiências.
Também estou sem andar por conta de uma doença neurológica degenerativa que afetou meu equilíbrio e marcha. Não podendo ficar em pé sem auxÌlio, utilizo uma cadeira de rodas para me deslocar. Para complicar, moro numa ilha, com poucos recursos.
Força, moça !
Um beijo,
Sergio
Sergio, querido,
Chorei muito por nós.
Não desejo para a pior criatura deste mundo a forte provação pela qual passamos.
Graças a Deus você casou e tem o amor da mulher e filhos.
Eu tenho uma adorável mãe, que no alto dos seus 89 anos me ajuda como pode.
Tenho uma cuidadora de 2ª a 6ª mas aos sábados e domingos ficamos sós.
Sempre fui muito trabalhadora e ia para a cama somente tarde da noite após tomar meu banho. Sempre gostei de dormir e acordar limpinha e cheirosa.
Hoje, somente saio da cama com ajuda para o banho e higiene.
Tenho uma cirurgia extensa nas costas, de T2 a L1 devido a uma queda de 4,5m, além de três úlceras de pressão. Minha bacia foi negligenciada pelos médicos e está torta à direita.
Quase perdi a perna direita devido a esse problema que gerou uma série de infecções hospitalares.
Agora estou em casa, após 8 meses de hospital, com febres que se arrastavam por dias e noites, onde entrei com fratura de clavícula, perfuração de pulmão, trauma raquimedular e no quadril.
Sofro com dores e limitações no paraíso do meu lar, ao lado da mamãe que jamais me abandonará*.
Beijo meu, Gi
nota: Sergio é economista e jornalista pela USP e recebeu de Deus o dom das letras em forma de poesia e da crítica literária. É dele um dos comentários na contra capa do meu primeiro livro: "Um Par de Asas para Toby".
(*) Temos em casa um cãozinho poodle de nome Toby, batizado assim pela minha sobrinha Marianna em homenagem ao personagem Toby. Pessoa alguma chega até mim sem passar por ele. Um amor de cãozinho, "uma virtude que impedida de tomar forma humana fez-se animal", como disse o escritor Victor Hugo. Por isso, "não te envergonhes se, às vezes, os animais estejam mais próximos de ti do que as pessoas. Eles foram criados pela mesma mão criadora de Deus que nos criou. É nosso dever protrgê-los e promover o seu bem estar", disse Madre Tereza de Calcutá. "Eles dividem conosco o privilégio de ter uma alma", segundo Pitágoras.
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