31/07/2014

OSASCO PEDE O NOSSO AMOR

Moro em Osasco há 54 anos e alguns meses. Assisti com meus pais cada avenida, ponte, escola, área de lazer e, principalmente, unidade de saúde, hospital e maternidade que foram surgindo com esforço, idealismo e investimentos robustos em pessoal, treinamento e tecnologia dos setores público e privado. Não posso ficar indiferente assistindo tantos ideais irem parar na delegacia de polícia. A cidade continua crescendo e o corporativismo também. Nós, cidadãos, não podemos perder o foco na humanização dos serviços, muito menos os gestores de cada célula do corpo desta cidade polo da região Oeste da Grande São Paulo.
Sobre o título, me inspirei em versos ditos pelo poeta e diplomata Thiago de Mello, em defesa da última grande floresta tropical do Planeta, em sarau onde tive a alegria de estar presente."A Amazônia pede o nosso amor", disse ele.

 

28/07/2014

ECOVIAGEM: SERÁ O MESMO LUGAR DA CIDADE PERDIDA?

Fonte: Dennys Marcel
Foto: Nikola Totuhov

A imagem da Ilha de Santorini, Grécia, Mar Egeu, parece uma pintura surrealista. É a imagem de um sonho. Dizem que o lugar pode ser a origem da lendária Atlântida, a cidade perdida, submersa.
 

27/07/2014

BECKER: DAMA DO TEATRO É PRIMA DA DAMA DA EDUCAÇÃO

Tive a honra de ser aluna da Profa. Maria Helena Becker, prima de Cacilda Becker (1921-1969), grande dama do teatro brasileiro. Uma professora linda, educada, elegante, todas as qualidades de uma dama. Lembro-me com saudade dela porque amava ensinar e gostava dos seus alunos.
 
Na primeira série, eu e colegas de classe fomos torturados por uma bruxa em forma de professora. Nos batia com enorme régua de madeira, puxava nossas orelhas e cabelos. Na 4ª série, do então 2º Grupo Escolar de Osasco (SP), conheci o que é uma professora de verdade. Ela nos deixou quase na metade da série. Sua prima Cacilda Becker  faleceu e nossa professora pediu transferência para a Capital. Nunca mais soube dela. Igual a Cacilda, tinha uma particularidade: comia muito pouco.
 
O ator, diretor e professor de teatro Ziembinski dizia que Cacilda "tinha a fragilidade de uma flor de estufa. Alimentava-se com um ovo e um pedaço de carne". Minha professora comia um ovo e um tomate com a elegância de quem degustava a mais nobre iguaria da culinária.
 
Cacilda morreu há 45 anos, no intervalo da peça "Esperando Godot" na qual era a protagonista, representava Estragon. Tenho certeza que minha professora Maria Helena ainda vai me dar notícias. Deve estar aposentada, elegante e atual.

Escrevi este texto depois de conversar com a amiga Cecilinha. Ela estudou em outra escola e quer saber o nome da bruxa que nos torturava na 1ª série. Disse a ela que mais vale falar do belo e do bem. A Profa. Maria Helena, sucedida pela Profa. Ana Laura, outra delicadeza de mulher, ajudaram a mim e meus colegas a curar parte dos nossos traumas. Digo parte deles porque eu e mais algumas colegas carregamos até hoje uma criança tímida e assustada dentro de nós.

Naquela época, década de 60, apanhávamos e nossas mães retribuíam a professora com uma rosa ou uma maçã para que não nos maltratasse. Tempo duro. Tempo de chumbo. Não havia a organização e proteção aos alunos que existe hoje. Porém, hoje os professores é que apanham dos alunos. Tempo duro. Tempo de chumbo. Somente mudaram os atores e os papéis.


                                   A maior dama do Teatro Brasileiro: Cacilda Becker
 
nota: Ziembinski (1908-1978) nasceu na Polônia mas naturalizou-se brasileiro. Foi o responsável por trazer obras de importantes dramaturgos internacionais ao teatro nacional. Foi professor da Escola de Arte Dramática da USP.   




24/07/2014

Menos um vaga-lume: partiu Ariano Suassuna

No final da década de 70, a colega de escola Sonia Maria me abordou eufórica, no intervalo entre uma aula e outra, com uma papelada em suas mãos dramáticas. Era o “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna (1927-2014). Queria de todo modo organizar um grupo de leitura e dramatização daquele texto teatral mais conhecido da obra de Suassuna, que morreu ontem.
Filha de alagoano que sou, acordei adolescente para a linguagem e personagens nordestinos com o cordel, literatura de rimas, em linguagem oral, acompanhada de instrumento de cordas, como o violão. Também se apresenta impressa em folhetos simples, presos como roupas em varal de barbante nas feiras ou locais de reuniões populares e grupos de ativistas.
Entre os personagens do “Auto da Compadecida” há um Jesus Cristo de pele negra. Nada conservador para o ano de 1955, quando a obra foi lançada, mesmo ano em que João Cabral de Melo Neto (1920-1999), outro grande expoente da literatura brasileira, lançava “Morte e Vida Severina”. Também para a década de 70 chamava a atenção do grupo de leitura a visão de Suassuna sobre a imagem do Cristo. Sonia Maria, a Soninha, não conseguiu agrupar os colegas por muito tempo na defesa daquela peça teatral. Negros e nordestinos, uma combinação sempre polêmica na eterna luta de classes.
Serei sempre grata a essa genial colega de escola por ter sido apresentada à obra deste grande autor. Soninha prestou vestibular e foi uma das primeiras classificadas do ano de 1977 na Escola de Arte Dramática da Faculdade de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-EAD-USP) e também na Faculdade de Física da USP. Desapareceu em 1978 e nunca mais soube dela. Uma vaga-lume que brilhou, se esforçou muito, mas não conseguiu concluir a sua missão. Nem mesmo ela conhecia a intensidade do seu brilho e inteligência. Ficou a lembrança do sotaque carioca, a pele branca, contrastando com os longos cabelos pretos, e o jeito hippie de ser.
Julho de 2014 ficará marcado pela perda de craques em muitas áreas, entre eles Plínio Sampaio, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna. Perdas também para a humanidade, que assiste ao massacre de inocentes na eterna guerra entre Israel e o povo Palestino.

09/07/2014

PERDEMOS PLÍNIO SAMPAIO NO DIA MAIS TRISTE PARA O FUTEBOL BRASILEIRO

2014, 8, junho. Um dia duplamente triste para o Brasil. Sofremos a maior derrota no futebol e a perda de um grande brasileiro: Plínio Arruda Sampaio (1930-2014). Jurista, professor e ativista político de esquerda, Plínio era um grande defensor de reformas, sendo a principal delas na Educação. Esporte e Educação caminham juntos quando falamos em método, espírito de equipe e disciplina.
Em maio de 2006 entrevistei Plínio sobre livros e acessibilidade aos mesmos, para todos.
Publico um trecho da entrevista.
Leia e compartilhe na íntegra no blog de 23/5/2006.
 
— Quando, afinal, poderemos nos fartar num banquete de livros?
— No dia em que o Brasil se tornar socialista.

Haverá um banquete onde serão servidos livros na entrada, no prato principal e na sobremesa. Cada convidado terá que levar três livros para três convidados. Ao convidado Plínio Sampaio é pedido entregar um livro ao presidente Lula, para um menino de sete anos que é cego [em formato acessível, é claro] e para uma terceira pessoa que o convidado levará consigo ao banquete.

— Quem o senhor levará consigo e quais livros entregará para cada um?
— Para o Lula, a biografia do Mandela [Nelson Mandela, líder nacionalista e estadista sul-africano]; para o menino, o Sítio do Pica-Pau Amarelo; eu levaria comigo a Heloísa Helena e daria para ela o livro “Pentimento”, de Lilian Helmann.

— Cite alguns livros e autores que foram importantes na sua formação.
— Caio Prado Jr., Guimarães Rosa, Padre Lebret, Padre Juan Luiz Segundo.

— Qual livro ou autor marcou a sua infância? Por quê?
— Os livros de Monteiro Lobato. Eram ótimos.